PRESO NO IRÃ AIATOLÁ FAVORÁVEL À SEPARAÇÃO ENTRE FÉ E POLÍTICA
Teerã, 09 out (RV) - O aiatolá Mohammed Kazemeini Boroujerdi, acusado de favorecer
o retorno ao "Islã original", que prega "a separação entre religião e política", foi
preso ontem, 8, em Teerã, junto com dezenas de seus seguidores. O aiatolá é acusado
de ter interpretado erroneamente o Islã.
Segundo a agência INA, o religioso
teria escrito a Bento XVI, ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e a outros líderes
mundiais, pedindo-lhes que trabalhassem em prol da promoção da "religião tradicional".
Ele afirmou à agência Misna: "Acreditamos que a nossa nação esteja cansada da religião
politizada e queremos um retorno à fé tradicional."
Segundo a BBC de Londres,
para efetuar a prisão do aiatolá, a polícia iraniana usou gás lacrimogêneo para dispersar
as centenas de seguidores que haviam formado um cordão de isolamento em torno de sua
casa, em Teerã, buscando proteger o líder religioso.
O vice-governador e responsável
pela segurança e assuntos políticos de Teerã, Abdullah Rowshan, afirmou não acreditar
que Boroujerdi seja um verdadeiro aiatolá.
Boroujerdi que, por anos, pregou
sua visão do Islã, numa mesquita na periferia pobre, no sul da capital iraniana, tem
centenas de seguidores que afirmam que ele tenha poderes divinos com os quais resolve
seus problemas materiais, além dos espirituais.
Funcionários do governo o acusam
de ter-se proclamado representante do imame Mahdi, uma figura de tipo messiânico,
no Islã xiita, morto no ano 874. Diz-se que o Mahdi reaparecerá para encher a terra
de justiça e de igualdade, depois que for tomada pela violência e opressão.
Boroujerdi
negou todas as acusações, alegando ter somente defendido aquilo que ele julga ser
o verdadeiro Islã. Sua prisão, na realidade, estaria ligada à preocupação com que
as autoridades olham a crescente influência que sua pregação exerce sobre muitos grupos
da população, mesmo que pareça restrita ao círculo de seus seguidores. (JK)