CARDEAL MARTINO: LUZ DO EVANGELHO É O PRINCIPAL MOTOR DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Paris, 03 out (RV) - A luz do Evangelho ainda é o principal motor do desenvolvimento
humano, não somente nas realizações pessoais e sociais, mas também em nível internacional
e mundial. É a convicção do presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz",
Cardeal Renato Raffaele Martino, que inaugurou, esta manhã, o ano acadêmico do prestigioso
Instituto Católico de Paris, falando na Faculdade de Ciências Sociais sobre o tema:
"Leituras e interpretações das relações internacionais contemporâneas", à luz da Doutrina
Social da Igreja.
Após ter recordado os quatro princípios fundamentais do Compêndio
da Doutrina Social da Igreja _ dignidade e liberdade da pessoa humana, subsidiariedade
e solidariedade _ o purpurado se deteve sobre três conceitos inovadores de tal doutrina,
indicando-os como metas para reflexão, a docentes e estudantes, com particular referência
ao panorama internacional atual.
Em primeiro lugar, o conceito de cidadania
mundial, que se coloca anteriormente a qualquer cidadania legal nacional e constitui
um patrimônio de direitos e deveres dos quais a pessoa é dotada, pelo simples fato
de pertencer à família humana.
A condenação do racismo, a tutela das minorias,
a assistência aos refugiados, a mobilização da solidariedade internacional em favor
de todos os necessitados _ independentemente do fato que sejam ou não cidadãos de
um Estado _ são todas aplicações do princípio da cidadania mundial.
A seguir,
o purpurado desenvolveu o conceito de capital social global. Os estudiosos hoje, são
concordes em afirmar que o capital social _ isto é, a confiança recíproca, a colaboração,
a solidariedade, a partilha de valores comuns e a reciprocidade nas relações _ constitui
o principal recurso de uma comunidade.
O presidente do "Justiça e Paz" defendeu
que o conceito de capital social deve ser estendido em nível global, como principal
recurso da comunidade mundial. E acrescentou que o estabelecimento efetivo _ ainda
que com focos de resistência _ da Corte Penal Internacional, o processo de consolidação
de um "direito europeu" e numerosos casos de leis de um Estado que adquirem valor
dentro dos confins de outro, normas e sanções impostas por organismos internacionais,
e o aumento de tratados subscritos por muitos Estados são exemplos de um percurso
que deve ser mantido e endereçado rumo a uma colaboração regulada pelo Direito e orientada
ao bem comum.
Por fim, o Cardeal Martino reiterou a necessidade de uma autoridade
política mundial, uma vez que hoje, nenhum poder nacional sozinho, por mais potente
e forte que seja, é capaz de lançar _ sem o apoio dos demais _ as bases para a paz
mundial e o bem comum universal. (RL)