Brasília, 29 set (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
manifestou, nesta quinta-feira, dia 28, sua preocupação com o cenário político brasileiro,
diante das denúncias de corrupção e da compra do dossier contra candidatos do PSDB,
por membros do PT.
O presidente da CNBB, Cardeal Geraldo Majella Agnelo, disse
que a entidade espera tranqüilidade nas eleições, mas teme pelo futuro político nacional.
"Não podemos esperar para o futuro, uma situação tranqüila, na qual se possa buscar
o bem comum da sociedade" _ alertou.
O vice-presidente da entidade, Dom Antônio
Celso Queiroz, foi mais enfático: disse que o combate à corrupção é essencial para
o país, mas deve aparecer "fora do clima eleitoral". Segundo ele, o episódio do dossier
é apenas uma parte dos escândalos de corrupção que marcam a história recente do Brasil.
"Não estamos de olhos fechados, mas a corrupção é muito maior que um ou outro episódio"
_ disse.
Sem falar em nome da CNBB, Dom Antônio Celso Queiroz criticou a sugestão
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de voltar a discutir o impeachment do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, depois da tentativa de
compra do dossier do candidato do PSDB, por parte dos petistas.
"Precisamos
ver o nível de responsabilidade (do presidente) no episódio. Impeachment não
se decreta na véspera da eleição, com a possibilidade de ganhar este ou aquele" _
afirmou Dom Celso.
Os bispos criticaram o tom da campanha eleitoral deste ano
que, segundo eles, privilegiou as acusações, em detrimento da análise dos programas
de governo dos candidatos. "O mais lamentável da situação que vivemos é que, em vez
de discutir eleições e programas de governo, discutimos episódios" _ ressaltou Dom
Antônio Celso Queiroz.
"A CNBB não tem partido nem candidato a apoiar. Deixamos
toda a liberdade e autonomia aos eleitores. Não queremos bitolar os votos da comunidade
católica" _ disse, por sua vez, o secretário-geral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer.
(MZ)