DOM LAJOLO NA ONU: RELIGIÕES, SOCIEDADES E ESTADOS ALIADOS NA LUTA EM FAVOR DA PAZ
Nova York, 28 set (RV) - A importância do diálogo entre as religiões e a responsabilidade
da sociedade e dos Estados, para levar a paz a um mundo dividido e dilacerado: foi
o tema do discurso proferido ontem, na sede da ONU, em Nova York, pelo presidente
do Governatorato da Cidade do Vaticano, e secretário para as Relações com os Estados
em fim de mandato, Dom Giovanni Lajolo.
Em seu pronunciamento, Dom Lajolo colocou
em evidência, a séria problemática que se apresenta à humanidade, num mundo que _
até bem pouco tempo atrás _ parecia crescer acompanhando nossos passos, em direção
a uma "aldeia global". E ao invés, esse mundo se vê hoje dividido, no que diz respeito
à cultura, à fé, ao bem-estar, e aos níveis de progresso material, e mais ainda, na
predisposição ao poder, à autoridade e à cooperação.
"Os nossos esforços _
denunciou Dom Lajolo _ para superar as divisões e harmonizar as diferenças têm sido
hesitantes e pouco convictos. E o nosso despreparo parece ser o maior obstáculo ao
fortalecimento do papel das Nações Unidas, fortalecimento este indispensável para
que se possa afrontar os antigos e novos desafios, e proceder com as necessárias reformas
_ que a Santa Sé recomenda _ no campo da construção da paz, do desenvolvimento e dos
direitos humanos, a partir do direito à vida, à liberdade religiosa, à liberdade de
pensamento e de expressão.
Dom Lajolo reiterou a importância do diálogo entre
os credos, na firme convicção de que a religião _ "não obstante em alguns casos continue
sendo cinicamente explorada para fins políticos _ é, na sua expressão melhor, mais
verdadeira e mais autêntica, uma força vital para o bem, para a harmonia e para a
paz entre os povos".
Nesta última geração, as religiões, seus líderes e fiéis
mostraram, muitas vezes, sua vontade de dialogar, oferecendo um exemplo ao mundo.
Mas "um sincero diálogo _ evidenciou o prelado _ comporta necessariamente uma análise
autocrítica da relação existente entre as nossas tradições e as estruturas sociais,
políticas e econômicas propensas a se tornar agentes de violência e de injustiça".
Nesse
contexto, o representante da Santa Sé evocou o discurso de Bento XVI na Universidade
de Regensburg, para esclarecer, uma vez mais, que "a real intenção do Papa era explicar
que a religião e a razão caminham lado a lado, e não a religião e a violência, no
contexto de uma visão crítica de uma sociedade que busca excluir Deus da vida pública".
(RL)