Cardeal D. José Saraiva Martins lamenta situação do Arcebispo Emmanuel Milingo
O Cardeal D. José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos,
considera que a excomunhão do Arcebispo Emmanuel Milingo é um “facto verdadeiramente
doloroso”, mas explicou que a Igreja “não poderia agir de outra forma”. O Arcebispo
emérito de Lusaka (Zâmbia) ordenou, sem autorização do Papa, quatro sacerdotes casados
como bispos.Na sequência deste acto, o Arcebispo Milingo e os padres que ordenou incorreram
em excomunhão automática (latae sententiae), prevista no Cânone 1382 do Código de
Direito Canónico. Terça-feira, a Santa Sé divulgou um comunicado oficial em que anunciava
este facto e declarava que a Igreja “não reconhece nem pretende reconhecer estas ordenações
e todas as que dela derivarem” – como, por exemplo, a ordenação de sacerdotes por
parte dos “bispos” de Emmanuel Milingo, ele próprio casado desde 2001, numa cerimónia
celebrada pelo controverso reverendo Sun Myung Moon da Igreja da Unificação, num hotel
em Nova Iorque.O Cardeal Saraiva Martins lembra que, em relação ao Arcebispo Milingo,
a Igreja procurou sempre comportar-se “como uma mãe que quer bem aos seus filhos,
não só quando os acaricia, mas também quando os castiga”. Em entrevista à Rádio Vaticano,
o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos define a situação do Arcebispo africano
como “anormal” e “muito triste”.A nota desta terça-feira indicava que “a Santa Sé
esperou com vigilante paciência pela evolução dos acontecimentos que, infelizmente,
conduziram o arcebispo Milingo a uma condição de irregularidade e de aberta ruptura
progressiva da comunhão com a Igreja, primeiro com o atentado do matrimónio e depois
com a ordenação de quatro bispos”.