Bispo brasileiros indignados com pressões da justiça sobre a Arquidiocese do Rio de
Janeiro
A Conferência Episcopal do Brasil (CNBB) publicou uma nota de solidariedade para
com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, na qual lamenta “profundamente” as pressões
sofridas pela Igreja no âmbito da campanha eleitoral nesse Estado. Os Bispos “estranham
e repudiam o cerceamento da livre manifestação da opinião de cidadãos e a intromissão
em campo próprio da competência da Igreja”. O Cardeal do Rio de Janeiro, D. Eusébio
Scheid, e o Bispo Auxiliar D. Dimas Lara Barbosa foram notificados na passada segunda-feira
pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para que proibissem o clero da Arquidiocese
de proferir “qualquer tipo de comentário ou referência político-ideológica” durante
a campanha eleitoral. Nesse mesmo dia, no entanto, o próprio TRE anulou esse decreto.A
ordem judicial surgiu após uma queixa apresentada pela Coligação “Um Rio Para Todos”,
de que faz parte a deputada Jandira Feghali, relatora do Projecto de Lei que visa
tornar legal a prática do aborto no Brasil durante todos os meses de gravidez. Jandira
Feghali, que concorre a uma vaga no Senado pelo Estado do Rio de Janeiro, acusava
a Igreja de produzir um panfleto ofensivo contra ela.Assim, no dia 21 de Setembro
de 2006, a Arquidiocese do Rio de Janeiro foi surpreendida com um mandato de busca
e apreensão de "material de propaganda eleitoral”. Nenhum material foi encontrado
nas dependências da sede da Arquidiocese, incluindo o gabinete do Cardeal e os gabinetes
dos Bispos Auxiliares.Hoje, o comunicado da presidência da CNBB “reafirma o direito
dos cidadãos e eleitores de conhecerem o pensamento e a posição dos candidatos sobre
questões fundamentais, como a defesa da vida e da dignidade da pessoa humana, para
o livre e autónomo exercício do voto cidadão”.A Arquidiocese do Rio de Janeiro, reafirmou,
entretanto, a sua posição em relação às eleições de 2006, expressa no documento intitulado
"Voto Consciente", distribuído nas paróquias. O documento incentiva a participação
dos católicos na política e a escolha de candidatos “comprometidos com os princípios
e valores éticos e cristãos”, em especial “o respeito pela vida e a dignidade da pessoa
humana desde a concepção até à morte natural”.