As prioridades da diplomacia da Santa Sé, no primeiro encontro do novo Secretário
de Estado com os Embaixadores acreditados.
O Cardeal Tarcisio Bertone, novo Secretário de Estado do Vaticano, apresentou hoje
os princípios que irão orientar a “nova diplomacia” da Santa Sé no seu mandato, iniciado
no passado dia 15 de Setembro. O homem que Bento XVI escolheu para seu “braço direito”
assegurou ao corpo diplomática acreditado na Santa Sé o seu compromisso em favor dos
mais desfavorecidos, da liberdade, dos Direitos Humanos, da vida e da família. O
Cardeal Bertone já tinha deixado claro que quer ser um Secretário da "Igreja", com
uma missão global e que tem como referência absoluta a actuação de Bento XVI. Com
uma das diplomacias mais antigas e respeitadas do mundo, a Santa Sé tem exercido uma
influência social e política em várias partes do mundo, muito por força da representação
objectiva de mais de mil milhões de pessoas. Esta manhã, no seu primeiro encontro
com os embaixadores na Santa Sé, o Secretário de Estado falou da “necessidade de um
compromisso universal em favor dos mais desfavorecidos do planeta, os mais pobres,
as pessoas que procuram em vão o sustento para si e a sua família”. “A dignidade,
a liberdade e o respeito incondicional por todo o ser humano nos seus direitos fundamentais,
em particular a sua liberdade de consciência e de religião, devem estar entre as nossas
preocupações primordiais”, disse o Cardeal Bertone, cujo início de funções foi marcado
pela polémica com o mundo islâmico, após a intervenção de Bento XVI na Universidade
alemã de Regensburg, a 12 de Setembro. “Penso, em particular, na violência - em
todas as suas formas – infligida às mulheres e às crianças, nascidas ou por nascer.
A defesa da vida, desde a sua concepção até ao seu fim natural, bem como a defesa
da família fundada sobre o matrimónio são temas essenciais na vida social”, acrescentou,
em referência a questões como o aborto, a eutanásia ou as uniões homossexuais, entre
outras. A Santa Sé pretende contribuir, na vida da comunidade internacional, como
“uma instituição que coloca em primeiro lugar os mais altos valores do homem e que
não se sente estranha a nenhum problema do homem contemporâneo”. O novo Secretário
de Estado do Vaticano identificou, por outro lado, domínios éticos mais problemáticos
num contexto mundial “de violência, privada e organizada, marcado pela pluralidade
de opiniões em confronto”. Entre esses contam-se a “garantia da ordem objectiva e
a defesa dos Direitos Humanos”, a “condenação da guerra”, a segurança que privilegia
“aspectos não militares” e o desarmamento “geral” e mesmo “unilateral”. Os diplomatas
foram convidados a promover “uma nova ordem internacional”, fundada na paz e na solidariedade
entre os povos. Nesse sentido, o Cardeal Bertone pediu que se repense “a questão da
dívida dos países mais pobres, a fim de que nunca mais haja pessoas, em especial crianças,
que morram por causa da fome ou de doenças endémicas”. “Que nunca mais haja pessoas
vítimas inocentes de guerras ou conflitos locais, nunca mais haja pessoas maltratadas
por causa das suas convicções ou das suas crenças”, prosseguiu.