Os sete países mediterrânicos da UE querem que a imigração ilegal que se tem vindo
a agravar Mediterrâneo seja um problema assumido pelos 25 no seu conjunto e não apenas
pelos membros que têm fronteiras meridionais com um mar interior que é um espaço
de relações, choques, intercâmbios e conflitos, além de ser a maior concentração planetária
de culturas distintas, religiões antagónicas, diferenças sociais, contrastes demográficos,
disparidades de rendimentos."Cada um deve dar a sua contribuição efectiva na luta
contra a imigração clandestina, que diz respeito ao conjunto da União e não apenas
aos países guardiães das fronteiras externas", lê-se na carta enviada, ontem, ao primeiro
ministro da Finlândia, Matti Vanhanen, que preside actualmente ao Conselho Europeu,
e que é subscrita por Sócrates, Chirac, Prodi, Zapatero, Karammalis, Gonzi, Janz e
Papadopulos Os oito estadistas esperam que a questão seja abordada já na cimeira informal
de Lahti, agendada para 20 de Outubro, e venha a ter resultados práticos no Conselho
Europeu de Dezembro. Além de sustentarem que, como se trata de um desafio à escala
europeia, devem ser afectados recursos financeiros para este novo dossier (algum dia
a segurança sustentada terá uma verba maior que a política agrícola comum), também
alertam para a necessidade de haver "uma vontade política clara" de combater o tráfico
de pessoas e, simultaneamente, contribuir para evitar as suas causas.No fundo, sem
"muralha medieval" ou "arame farpado" capaz de deter os fluxos de imigrantes provenientes
do Magrebe, da África subsariana, da Ásia ou até do Leste Europeu, os líderes mediterrânicos
esperam de Bruxelas o reforço da "cooperação operacional na gestão da fronteira marítima
meridional" e, sobretudo, "adaptar a ajuda financeira da comunidade aos países terceiros
no domínio migratório".