DOIS DIAS APÓS EXECUÇÃO DE TRÊS CATÓLICOS NA INDONÉSIA, RETORNA A CALMA AO PAÍS
Jacarta, 23 set (RV) - A situação na Indonésia está sob controle, segundo afirmou
o ministro dos Serviços de Segurança, Widodo Adisutjipto. Ontem, as cidades de Atambua
e Belu, província de Est Nusa Tenggara (NTT), foram cenário de violentos protestos,
como reação ao fuzilamento, anteontem, dos três católicos: Fabianus Tibo, Marinus
Riwu e Dominggus da Silva.
Os três camponeses foram acusados de responsabilidade
no massacre de duas centenas de muçulmanos, ocorrido há seis anos, mas sempre negaram
as acusações que lhes eram imputadas. A localidade de Poso, na parte central das ilhas
Sulawesi (Célebes), foi palco, de 1998 a 2001, de sangrentos conflitos entre cristãos
e muçulmanos: mais de duas mil pessoas perderam a vida.
Ontem, em Atambua,
cidade de maioria católica, centenas de pessoas foram às ruas e invadiram uma penitenciária
local, libertando cerca de 200 presos, dos quais apenas 20 foram recapturados.
Para
acalmar os ânimos, foi necessária a intervenção do bispo de Atambua, Dom Anton Pain
Ratu, e do bispo de Manado, Dom Joseph Theodorus Suwatan. Em pronunciamento, os prelados
pediram aos fiéis que se tranqüilizassem e que fosse retomada a ordem pública. O filho
mais velho de Tibo, Robert, também se manifestou pedindo calma: "Meu pai, antes de
morrer, pediu para que não se vingasse sua morte e disse que devemos perdoar!"
Várias
organizações religiosas, grupos de defesa dos direitos humanos e expoentes políticos
denunciaram que "Tibo e seus companheiros" foram vítimas de um processo injusto. Questionaram,
também, o poder Judiciário indonésio, argumentando que nunca foram apresentadas provas
contundentes de que os três condenados fossem os autores intelectuais do massacre.
O
diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse que a execução
dos três católicos, nessa quinta-feira, na Indonésia, é "uma notícia triste e dolorosa".
"Cada vez que se aplica a pena de morte, é uma derrota para a humanidade." Pe. Lombardi
lamentou os infrutíferos esforços de Bento XVI e de diversas organizações mundiais,
que intercederam em favor dos três católicos executados, na tentativa de salvar-lhes
a vida.
A presidência da União Européia divulgou uma nota lamentando as execuções,
"apesar das várias manifestações de preocupação da UE às autoridades indonésias".
O texto lembra que a UE considera a pena de morte "uma punição cruel e desumana".
(RO)