A LÓGICA DO CRISTIANISMO SE CONTRAPÕE À MENTALIDADE HUMANA, VICIADA PELO EGOÍSMO
Castel Gandolfo, 24 set (RV) - A lógica do Cristianismo se contraopõe à mentalidade
humana, porque não se deixa seduzir pelos sonhos de supremacia, mas sim serve à causa
da paz, com humildade e espírito de perdão.
Diante de milhares de fiéis, peregrinos
e turistas reunidos no pátio interno da residência apostólica de verão, em Castel
Gandolfo, Bento XVI discorreu sobre o ensinamento espiritual da liturgia deste domingo.
De
modo particular, o Papa falou sobre o testemunho de numerosos cristãos, que deram
sua vida pelo Evangelho. Nesse contexto, recordou Ir. Leonella Sgorbati, a missionária
da Consolata assassinada na última terça-feira, em Mogadíscio, Somália.
É possível
cometer uma ação errada, mesmo tendo a intenção oposta. É a natureza humana ferida
pelo pecado do egoísmo que, às vezes, distorce gestos e iniciativas. Isso não acontece,
todavia, com quem escolheu Cristo, com que optou por amar como Ele, a humanidade,
com quem adotou o estilo do perdão, tornando-se, assim, um "artífice da paz".
Bento
XVI tomou como ponto de partida para sua reflexão que antecedeu a oração mariana do
Angelus, no final desta manhã, o Evangelho de hoje, as crônicas dos jornais e o assassinato
da religiosa que "servia os pobres".
O Evangelho de hoje, disse o Santo Padre,
apresenta os apóstolos, que não apenas não compreendem o que Cristo lhes diz sobre
sua próxima morte, mas preferem discutir sobre quem seja o "maior" dentre eles. Jesus
então intervém _ ilustrou o Papa _ para explicar, com paciência, a sua lógica: a lógica
do amor que se faz serviço, até o dom de si mesmo. "Se alguém quer ser o primeiro,
seja o último e o servo de todos" _ disse Jesus.
"Esta é a lógica do Cristianismo,
que responde à verdade do homem criado à imagem de Deus, mas, ao mesmo tempo, contrasta
com o seu egoísmo, conseqüência do pecado original. Cada ser humano se sente atraído
pelo amor _ que em última análise é o próprio Deus _ mas freqüentemente, erra nos
modos concretos de amar, e, assim, de uma tendência positiva na origem, mas poluída
pelo pecado, podem derivar intenções e ações más." (AF)