Homenagem do Papa á religiosa italiana Irmã Leonella Sgorbati, assassinada na Somália:
morreu pronunciando a palavra perdão. "O testemunho cristão mais autêntico, sinal
pacifico de contradição que mostra a vitória do amor sobre o ódio e sobre o mal".
Antes da recitação do Angelus no Palácio Apostólico de Castelgandolfo, com alguns
milhares de fiéis, Bento XVI recordou o testemunho quotidiano de fé de tantos cristãos
e o facto que a alguns é pedido o testemunho até ao martírio. Referindo-se ao trecho
do Evangelho deste Domingo, em que Jesus explica aos discípulos a Sua lógia, a lógica
do amor que se faz serviço até ao dom de si mesmo:”quem quiser ser o primeiro há-de
ser o último de todos e o servo de todos”, Bento XVI salientou que esta é a lógica
do cristianismo que responde á verdade do homem criado á imagem de Deus, mas ao mesmo
tempo contrasta com o seu egoísmo, consequência do pecado original. Cada pessoa humana
é atraída pelo amor, mas muitas vezes engana-se na maneira concreta de amar, e assim
de uma tendência na origem positiva, manchada pelo pecado, podem derivar intenções
e acções más. O Papa salientou que na liturgia deste Domingo a Epistola de São Tiago
vem recordar-nos precisamente isto: “Onde há inveja e rivalidade, também há desordem
e toda a espécie de más acções. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica,
compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia”.
E o Apóstolo conclui:” fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam
a paz”. Estas palavras – disse depois Bento XVI fazem-nos pensar no testemunho
de tantos cristãos que, com humildade e no silêncio, gastam a vida ao serviço dos
outros por causa do Senhor Jesus, actuando concretamente como servos do amor e portanto
obreiros de paz. A alguns - acrescentou o Papa – ás vezes é pedido o testemunho supremo
do sangue, como aconteceu há poucos dias á religiosa italiana Irmã Leonella Sgorbati,
que caiu vitima da violência. Esta Irmã que desde há muitos anos servia os pobres
e os pequeninos na Somália, morreu pronunciando a palavra “perdão”: eis o testemunho
cristão mais autentico, sinal pacifico de contradição que mostra a vitória do amor
sobre o ódio e sobre o mal. Não há dúvida - disse o Papa a concluir - que seguir
Cristo é difícil , mas como Ele próprio diz “somente quem perder a sua vida por Mim
e pelo Evangelho, salvá-la-á” , dando sentido pleno á própria existência. Não existe
outro caminho para ser seus discípulos, não existe outro caminho para testemunhar
o seu amor e tender á perfeição evangélica.