BISPOS ANGOLANOS PREOCUPADOS COM DIFUSÃO DE BRUXARIAS
Luanda, 22 set (RV) - O Episcopado angolano está lançando um alarme para o
crescente clima de violência e de difusão da bruxaria entre a população no país.
Durante
o XIV Encontro Nacional da Comissão da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé
(CEAST) para a Justiça, a Paz e as Migrações, realizado na semana passada, em Luanda,
evidenciou-se também, a preocupação dos bispos com o aumento da violência de caráter
político, em diversas partes do país.
Segundo alguns responsáveis por comissões
diocesanas, esse clima deriva da atitude de algumas forças políticas que, em vista
das eleições gerais do próximo ano, "vêm acentuando a pressão política e psicológica
sobre os cidadãos". Contribuem para o aumento dessa tensão, alguns episódios não esclarecidos,
como a morte de várias pessoas acusadas de bruxaria em algumas províncias do país,
como Malange.
Nessa região, há alguns meses, foram assassinados o catequista
de Pungo Adongo e outras pessoas.
O tema da difusão de crenças ligadas à bruxaria
foi também discutido no documento final do encontro dos missionários italianos em
Angola, promovido pela Conferência Episcopal Italiana e pela CEAST, em junho passado,
em Luanda. "A feitiçaria (bruxaria), de conseqüências freqüentemente dramáticas, parece
uma tendência que afeta cada vez mais os angolanos" _ diz o documento final do encontro.
De
acordo com os responsáveis pela Comissão "Justiça, Paz e Migrações", outro motivo
de preocupação está na violência ligada a questões agrárias, com a expropriação das
terras dos camponeses, por parte de quem detém o poder político. Tudo isso gera nas
populações das áreas rurais, "um forte sentimento de abandono e isolamento" _ considera
a Comissão.
O encontro também foi ocasião para discutir o tema das crescentes
violações dos direitos humanos, o aumento da violência nos núcleos urbanos, o excessivo
recurso à prisão preventiva e a falta de acesso à informação por parte da maioria
da população.
27 anos de guerra civil, terminada em 2002, deixaram em Angola
um milhão e meio de mortos e quatro milhões de desabrigados. Apesar de suas riquezas
naturais, as condições de vida no país são dramáticas: o panorama de destruição é
enorme, há milhões de minas terrestres espalhadas por seu território, e milhares de
refugiados internos e combatentes que ainda não retornaram às suas áreas de proveniência.
A
população total de Angola gira em torno de 12 milhões de habitantes. (CM)