BENTO XVI MANIFESTA PROFUNDO RESPEITO PELO ISLÃ E COMPROMISSO COM O DIÁLOGO COM TODAS
AS RELIGIÕES E CULTURAS
Cidade do Vaticano, 20 set (RV) - Bento XVI reitera seu "profundo respeito
pelas grandes religiões e, em particular, pelos muçulmanos", com os quais a Igreja
está comprometida a "defender e promover juntos, para todos os homens, a justiça social,
os valores morais, a paz e a liberdade".
Essa é uma das passagens centrais
do discurso do Papa, esta manhã, na Audiência Geral, na Praça São Pedro, ocasião em
que voltou a comentar seu discurso na Universidade de Regensburg, Alemanha, no dia
12 p.p., que levou o mundo islâmico a reagir com veemência.
Cristianismo e
Islã podem dialogar de modo "positivo" porque cultivam os mesmos valores que estão
na base da convivência humana: paz, justiça e liberdade. E se esse diálogo consegue
ser também "autocrítico", ele favorece o respeito recíproco e a "racionalidade" que
deve "conduzir na transmissão da fé", longe de toda forma de violência.
Diante
de 40 mil fiéis e peregrinos e sob o foco das câmeras televisivas internacionais,
particularmente atentas, entre as quais a da televisão árabe do Qatar _ "Al Jazeera"
_ Bento XVI fez uma retrospectiva dos lugares e pessoas que marcaram sua recente viagem
à Baviera. Uma viagem que acabou marcada pelo infeliz episódio da Universidade de
Regensburg.
A citação que o Papa dez, do imperador bizantino, Manuel II Paleólogo,
"infelizmente, acabou sendo objeto de um mal entendido" _ disse o Pontífice. "Para
o leitor atento do meu texto, porém, resulta claro que não quis de modo algum fazer
minhas as palavras negativas pronunciadas pelo imperador medieval nesse diálogo, e
que o seu conteúdo polêmico não expressa a minha convicção pessoal." O Papa explicou
que sua intenção era a de, partindo da citação do imperador, demonstrar que "religião
e violência não devem estar juntos, mas sim religião e razão".
"Espero _ acrescentou
Bento XVI _ que nas diversas ocasiões da minha visita, por exemplo em Munique, quando
ressaltei a importância de se respeitar aquilo que é sagrado para os outros, tenha
ficado claro o meu profundo respeito pelas grandes religiões e, em particular, pelos
muçulmanos, que "adoram o único Deus" e com os quais estamos comprometidos a "defender
e a promover, juntos, para todos os homens, a justiça social, os valores morais, a
paz e a liberdade"."
O convite ao diálogo, lançado da Universidade de Regensburg,
o Papa o fez ecoar também hoje, com renovado vigor, na Praça São Pedro, repropondo-o
em várias línguas: inglês, francês, alemão, espanhol e polonês, e acompanhado de um
voto que vale como um convite à distensão: "Confio portanto que, após as reações do
primeiro momento, minhas palavras na Universidade de Regensburg possam constituir
um impulso e um encorajamento a um diálogo positivo, também autocrítico, quer entre
as religiões, quer entre a razão moderna e a fé dos cristãos."
A multidão de
fiéis e peregrinos partilhou com repetidos aplausos a nova explicação dada pelo Pontífice,
sobre um episódio que, durante dias ecoou de um ponto a outro do planeta, com um imprevisível
efeito dominó.
Depois desta nova explicação acerca de suas palavras em Regensburg,
o Papa se dedicou a recordar os momentos mais significativos de sua visita à Baviera.
(RL)