ARCEBISPO TOMASI: "DISCURSO DO PAPA EM REGENSBURG DEVE SER LIDO NA JUSTA PERSPECTIVA"
Castel Gandolfo, 19 set (RV) - No centro do discurso de Bento XVI na Universidade
de Regensburg, Alemanha, na última terça-feira, dia 12, se encontra um renovado compromisso
ao diálogo entre as religiões e a rejeição da violência: uma rejeição que todos os
fiéis, inclusive os cristãos, devem assumir.
Foi o que ressaltou o observador
permanente da Santa Sé junto aos organismos da ONU em Genebra, Arcebispo Silvano Maria
Tomasi, por ocasião de seu pronunciamento na segunda sessão do Conselho de Direitos
Humanos. Um pronunciamento inteiramente dedicado à lectio magistralis de Bento
XVI em Regensburg, sobre fé e razão.
O discurso de Bento XVI em Regensburg
deve ser "colocado na justa perspectiva, num espírito de pacífico e construtivo diálogo"
_ foi a evocação de Dom Tomasi, que quis reiterar o verdadeiro significado do discurso
do Papa na Universidade alemã.
"Reconhecendo os aspectos positivos da modernidade"
_ afirmou o prelado _ o Papa quer "ampliar o horizonte da razão, a fim de que ele
inclua a dimensão da religião, e a partir daí, iniciar um diálogo baseado na razão."
Fazendo isso _ disse o Arcebispo _ "em vista da defesa do valor das culturas religiosas
da humanidade, inclusive o Islã".
A propósito da citação do Santo Padre sobre
o imperador bizantino, Manuel II Paleólogo, Dom Tomasi reiterou que o propósito do
Papa era o de ressaltar que "a violência é sempre irracional" e "incompatível com
a natureza de Deus". E isso vale para "todos os fiéis, inclusive cristãos e muçulmanos".
É
surpreendente _ constatou o arcebispo _ "que as manifestações tenham sido iniciadas
até mesmo antes que o discurso fosse traduzido numa língua compreensível às pessoas
que se manifestavam". Manifestações que se baseavam "somente nas manchetes distorcidas"
que apareceram nos meios de comunicação, e que devem, por isso, "assumir sua responsabilidade".
O caminho a ser percorrido _ foi a exortação do prelado _ requer maior "conhecimento
dos outros credos e culturas". Assim sendo, ele convidou os homens de boa vontade
a trabalharem "por um genuíno diálogo e um futuro de paz". (RL)