2006-09-16 11:01:33

Uma reacção destemperada: sublinhou D. Carlos Azevedo, secretário da conferencia episcopal portuguesa em relação á polémica sobre o discurso de Bento XVI.


Muitos líderes islâmicos reagiram mal a alguns trechos do discurso de Bento XVI na Universidade de Regensburg, no qual abordou a questão da fé, razão e violência e exigem um pedido de desculpas. Depois de ler o discurso na íntegra, D. Carlos Azevedo, Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse à Agência ECCLESIA que a informação “é selectiva e muitas vezes fora do contexto”. Bento XVI usou - para desenvolver o seu raciocínio - uma edição de Theodore Khoury do diálogo entre o imperador bizantino – Manuel II Paleológo, do século XIV – e um persa culto que tinha conhecimentos do cristianismo e o islão. “Neste diálogo vem a tal afirmação que é a base de toda a polémica” – sublinhou.
No sétimo colóquio do conjunto de diálogos - trata da Jihad (Guerra Santa) – o imperador afirma: «Mostre-me o que Maomé trouxe de novo, e lá encontrará apenas coisas más e desumanas, como a sua orientação de espalhar pela espada a fé que ele pregava». Ao fazer esta referência, Bento XVI previne - antes de citar o imperador – que tal afirmação foi feita “com uma rispidez surpreendente”. Depois de utilizar esta citação, Bento XVI explica “minuciosamente as razões porque a difusão da fé através da violência é irracional” – disse o secretário da CEP. Para cativar os ouvintes, o Papa pede para que “a fé nunca seja sustentáculo para a violência” – disse D. Carlos Azevedo.
Apesar das relações entre o Ocidente e o mundo islâmico serem tensas, para D. Carlos Azevedo o tema reflectido - «Fé, razão e a Universidade. Memórias e reflexões» “não é surpreendente” porque “recentemente a Faculdade de Teologia da UCP também abordou a mesma temática da relação entre religião e violência”. E acrescenta: “a fé tem que ser capaz de encontrar uma relação com a razão”. Alguns pensadores salientam mesmo que o “Islão não passou pelo crivo de um pensamento” – referiu D. Carlos Azevedo. O diálogo que o islão é chamado a ter com o pensamento contemporâneo “é fundamental para ele encontrar a sua própria medida”.
Quem divulgou a comunicação passou-a “um pouco deturpada” mas “isso é próprio da comunicação social que não pode dar o discurso na sua totalidade” – frisou o secretário da CEP. E completa: “a reacção criada é destemperada”. Durante a sua estadia na Alemanha, Bento XVI realçou também em várias intervenções que a “Europa estava esquecida da questão de Deus” enquanto que no Oriente havia uma “maior consciência do sagrado e de Deus”.








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