DECLARAÇOES DO PAPA SOBRE O ISLAMISMO PROVOCA REAÇOES NO MUNDO MUÇULMANO
Cidade do Vaticano, 15 set (RV) - As declarações de Bento XVI durante sua recente
viagem à Alemanha, nas quais relacionou o Islã com a violência, continuam provocando
ira no mundo muçulmano.
Nesta sexta-feira, o Parlamento paquistanês adotou
uma resolução na qual solicita ao Papa que retire seus comentários a respeito do Islã,
enquanto a chancelaria do mesmo país denunciava "o pouco conhecimento" do Sumo Pontífice
em relação à religião muçulmana.
"Os comentários pejorativos do Papa sobre
a filosofia da "Jihad" (a guerra santa) e o profeta Maomé feriram os sentimentos do
mundo muçulmano e mostram o perigo de se fortalecer o ódio entre as religiões" _ afirma
a resolução adotada por unanimidade, pela Assembléia Nacional paquistanesa.
"A
assembléia pede ao Papa que retire suas declarações, em prol da harmonia entre as
religiões" _ acrescenta o texto dos políticos paquistaneses.
O Ministério das
Relações Exteriores paquistanês classificou os comentários do Papa como "lamentáveis"
e denunciou sua "ignorância" a respeito do Islã.
Na Índia, país laico com 80%
de hinduístas entre seus habitantes e 13% de muçulmanos, a comissão nacional para
as minorias classificou as palavras do Pontífice, nesta sexta-feira, como "um retorno
às cruzadas da Idade Média". "As palavras utilizadas pelo Papa soam como as de seus
antecessores da Idade Média que iniciaram as cruzadas" _ considerou o presidente da
comissão, Hamid Ansiri.
Na Turquia, onde o Papa será recebido no final de novembro
pelas autoridades políticas e pelo Patriarcado Ortodoxo, o diretor do Departamento
para os Assuntos Religiosos sentenciou que não via "interesse algum para o mundo muçulmano
na visita de uma pessoa com tais convicções sobre o Islã e seu profeta".
Hakem
al-Mutairi, secretário-geral do partido islâmico do Kuwait Umma (Nação Islâmica),
pediu a todos os países muçulmanos que chamem seus embaixadores junto à Santa Sé "enquanto
o Papa não pedir desculpas por seu erro sobre o profeta e o Islã".
O mais destacado
clérigo islâmico do Líbano criticou hoje, as recentes declarações de Bento XVI sobre
a guerra santa muçulmana, e exigiu que o pontífice se desculpasse pessoalmente por
ter insultado o Islã. "Nós não aceitamos os pedidos de desculpas divulgados por assessores
do Vaticano e pedimos a ele (o papa) que peça desculpas pessoalmente aos muçulmanos
por sua falsa interpretação do Islã", declarou o Grão-aiatolá Mohammed Hussein Fadlallah,
num sermão pronunciado durante as tradicionais orações islâmicas de sexta-feira.
O
presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), a mais importante instância
que representa o Islã na França, Dalil Bubakeur, conhecido por sua moderação, exigiu
na quinta-feira "um esclarecimento" sobre as palavras do Pontífice.
A Organização
da Conferência Islâmica (OCI), com sede na Arábia Saudita e que reúne 57 nações, lamentou
as palavras do Papa e seus comentários que ofendem os princípios islâmicos: "A OCI
espera que essa repentina campanha não reflita uma nova tendência da política do Vaticano
em relação à religião islâmica. E espera que o Vaticano expresse sua verdadeira visão
sobre o Islã" _ acrescentou a organização, num comunicado. (RO)