Bento XVI não teve intenção de ofender crentes muçulmanos. O Papa quer cultivar atitude
de respeito e diálogo com as outras religiões e culturas
O Papa Bento XVI não teve a intenção de “ofender a sensibilidade dos crentes muçulmanos”
nem de outra religião, disse o Vaticano, referindo-se ao discurso proferido pelo
Sumo Pontífice na Universidade de Regensburg, no Sul da Alemanha na terça-feira .
A Santa Sé vê-se a braços com uma onda de protestos que surgem de vários países. O
comunicado foi divulgado pelo Vaticano poucas horas depois do Papa regressar da Baviera,
mas não conseguiu estancar a multiplicação de reacções indignadas de dignitários muçulmanos. O
Papa “não teve a intenção de fazer um estudo aprofundado sobre a jihad [guerra santa]
e pensamento muçulmano neste domínio e muito menos de ofender a sensibilidade dos
crentes muçulmanos”, declarou no comunicado o padre Federico Lombardi, novo director
da Sala de Imprensa da Santa Sé. “Aquilo que está bem enraizado no coração do Papa
é uma clara e radical refutação da motivação religiosa da violência” e Bento XVI “quer
cultivar uma atitude de respeito e diálogo com as outras religiões e culturas e, evidentemente,
com o Islão”, salientou.Ontem no jornal “Corriere della Sera”, o cardeal Paul Poupard,
responsável pelo diálogo inter-religioso no Vaticano, apelou “aos amigos muçulmanos
de boa vontade” a lerem o discurso do Papa “por inteiro” antes de se pronunciarem.Já
o intelectual de origem egípcia, Magdi Allam, escreve, sempre no “Corriere della Sera”
– do qual é vice-director – que o Papa, ao invocar a jihad, apenas vem lembrar verdades
históricas. A reacção dos muçulmanos é “desoladora e preocupante” e revela que a fé
muçulmana foi “transformada por extremistas numa ideologia”.