2006-09-09 18:48:51

Oração do Papa a Nossa Senhora, junto à "Coluna de Maria", na Praça central de Munique,pedindo forças para a reconciliação e o perdão.


Nas palavras pronunciadas na central “Praça de Maria”, junto da Coluna coroada da imagem de Nossa Senhora, Patrona da Baviera, Bento XVI declarou-se feliz e comovido por voltar, agora “como Sucessor de São Pedro”, a esta “belíssima praça”, um lugar ligado, já no passado, por duas vezes, a “viragens decisivas” na sua vida: há quase trinta anos, quando ali foi acolhido – “com cordialidade e alegria” - pelos fiéis de Munique, como seu novo Arcebispo; e cinco anos depois, quando - chamado pelo Papa a Roma – se despediu da diocese, pronunciando então uma oração confiando à protecção de Maria a Cidade e a Pátria.
Agradecendo “a simpatia” manifestada no “caloroso acolhimento” que lhe foi também agora dispensado, Bento XVI evocou a lenda do urso de São Corbiano, bispo de Munique (animal que faz parte das armas episcopais da arquidiocese e que o Papa Ratzinger adoptou no emblema papal). Uma lenda que o fascinou desde pequeno, segundo a qual um urso teria despedaçado o cavalo com o qual o santo se encaminhava para Roma. Como castigo, conta a lenda, o santo carregou às costas do urso a carga que o cavalo levava antes. E o urso teve que a carregar, através dos Alpes, até Roma, onde o santo o deixou finalmente partir em liberdade.
“Em 1977 – confidenciou o Papa – colocado perante a difícil opção de aceitar ou não a nomeação a arcebispo de Munique, que me arrancava à minha amada actividade universitária, este urso com a carga às costas recordou-me a interpretação que Santo Agostinho dá aos versículos 22 e 23 do Ssalmo 73. O salmista, interrogando-se sobre o porquê do sofrimento de quem se encontra perante Deus, diz “Era insensato e não compreendia, estava diante de ti como um animal de carga. Mas estou sempre contigo”. Agostinho, vendo no termo “animal de carga”, uma imagem de si próprio com o peso do seu serviço episcopal”. Ele tinha escolhido a vida de homem de estudo e Deus tinha-o chamada a fazer de besta de carga, como um boi que puxa o arado no campo de deus que é este mundo… Mas precisamente aqui o Salmo lhe dava a iluminação purificadora: como o animal de carga é o que está mais próximo do lavrador e, sob a sua condução, realiza para ele o pesado trabalho que lhe é pedido, assim o Bispo, no seu humilde serviço, está muito perto de Deus, porque realiza um serviço importante para o seu Reino”.
Assim, concluiu Bento XVI, “o urso de S. Corbiniano sempre me encoraja de novo a realizar o meu serviço com alegria e confiança – tanto há trinta anos como agora no meu novo cargo – dizendo dia após dia o meu “sim” a Deus. Tornei-me como um animal de carga, mas precisamente assim “estou contigo para sempre” (Senhor), como diz o Salmo. O urso de Sºao Corbiano, em Roma, foi libertado. No meu caso, o “Patrão” decidiu de modo diferente. Aqui me encontro, pois, de novo, aos pés da Coluna de Maria, para implorar a intercessão e a bênção da Mãe de Deus, desta vez não só para a cidade de Munique e para a Baviera, mas para a Igreja universal e para todos os homens de boa vontade”.
Eis os termos da oração aqui dirigida a Nossa Senhora, composta pelo Papa para esta ocasião e por ele recitada:
“Santa Mãe do Senhor,
os nossos antepassados, em tempos de tribulação, elevaram aqui, no coração da cidade de Munique, a tua imagem, para te consagrar a cidade e o país. Nos caminhos das actividades do dia a dia, queriam cruzar-se repetidamente contigo, para assim aprender a viver de modo justo a existência humana; aprender contigo a encontrar a Deus e a encontrarem-se concordes entre si. Deram-te a coroa e o ceptro, então símbolos da soberania do pais, porque sabiam que o poder e o domínio estariam assim em boas mãos – nas mãos da Mãe.
O teu Filho, pouco antes da hora da despedida, disse aos seus discípulos Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servidor, e quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos. Tu, na hora decisiva da tua vida, disseste: Eis aqui a serva do Senhor e viveste toda a tua existência como serviço. E o mesmo continuas a fazer ao longo dos séculos da história. Como outrora, em Caná, intercedeste silenciosamente e com discrição pelos esposo, assim continuas sempre a fazer: Tomas a teu cargo as preocupações dos homens e as apresentas diante do Senhor, diante do teu Filho. O teu poder é a bondade. O teu poder é servir.
Ensina-nos a nós – grandes e pequenos, com ou sem poder – a viver deste modo a nossa responsabilidade. Ajuda-nos a encontrar forças para a reconciliação e o perdão. Ajuda-nos a tornarmo-nos paciente e humildes, mas também livres e corajosos, como Tu foste na hora da Cruz. Tu tens nos braços Jesus, o Menino que abençoa, o Menino que é ao mesmo tempo o Senhor do muno. Deste modo, levando nos braços Aquele que abençoa, tornaste-te Tu própria uma bênção,. Abençoa-nos! Abençoa esta cidade e este país! Mostra-nos Jesus, o bendito fruto do teu ventre! Roga por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen!










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