CONSTRUÇÃO DA PAZ REQUER ORAÇÃO E DIÁLOGO ENTRE AS RELIGIÕES: MENSAGEM DE BENTO XVI
AO ENCONTRO "HOMENS E RELIGÕES"
Assis, 04 set (RV) - Assis _ coração da paz mundial e centro de encontros inter-religiosos,
para além de toda e qualquer interpretação sincretista: a 20 anos do Encontro mundial
de oração pela paz, convocado por João Paulo II, em 1986, a cidade franciscana acolhe,
nesta segunda e terça-feiras, o encontro anual "Homens e religiões", organizado pela
comunidade romana de Santo Egidio, que tem promovido, ao longo dos anos, um frutuoso
diálogo caracterizado justamente pelo chamado "espírito de Assis".
Foram muitas
as conferências desta manhã, entre as quais a do presidente dos Pontifícios Conselhos
para o Diálogo Inter-religioso e para a Cultura, Cardeal Paul Poupard, e a do fundador
da comunidade de Santo Egidio, Prof. Andrea Riccardi.
Para a ocasião, Bento
XVI enviou uma mensagem ao bispo de Assis, Dom Domenico Sorrentino.
"A religião
só pode ser anunciadora de paz", que em primeiro lugar "deve ser construída nos corações".
É muito clara e forte a mensagem que Bento XVI confia à platéia de Assis e, portanto,
a expoentes das religiões mundiais: "Não é lícito a ninguém, lançar mão da diferença
religiosa como pretexto ou pressuposto de uma atitude belicista contra outros seres
humanos."
A iniciativa de 20 anos atrás, promovida em Assis por João Paulo
II, se demonstra hoje, profética. Mas aquele encontro inter-religioso de oração, do
qual nasceu o espírito de Assis, hoje _ como há 20 anos _ não se deve prestar "a
interpretações sincretistas, fundadas em concepções relativistas".
"É imperioso"
"evitar confusões inoportunas" _ adverte o Papa _ mesmo "quando nos encontramos juntos,
para rezar pela paz, é necessário que a oração se faça segundo aqueles caminhos distintos
que são próprios das várias religiões." "A convergência dos diferentes _ explica o
Santo Padre _ não deve dar a impressão de um cedimento àquele relativismo que nega
o sentido próprio da verdade e a possibilidade de alcançá-la."
A intuição de
João Paulo II foi demonstrada pela história, diz Bento XVI, em sua mensagem. Após
o fim da "guerra fria" e após a não realização dos sonhos de paz, hoje terrorismo
e violência, além de diversidades culturais e religiosas colocam a paz a dura prova.
A
religião deve unir, não dividir _ recorda o Santo Padre a todos _ assim como a oração.
Oração que é "elemento determinante, para uma eficaz pedagogia da paz", da qual hoje,
se tem necessidade mais do que nunca, sobretudo diante do fenômeno de tantos jovens
que _ educados a sentimentos de ódio e de vingança _ são preparados para as futuras
violências.
É necessário abater os muros e favorecer o encontro, na esteira
da mensagem fundamental de São Francisco, ponto de referência para quem hoje, cultiva
o ideal da paz, do diálogo entre as pessoas, entre as religiões e culturas.
Se
não se quer trair a mensagem de Francisco, cujo oitavo centenário de conversão se
celebra este ano _ conclui o Papa, em sua mensagem _ é necessário, sempre, recordar
que foi a escolha radical de Cristo que lhe deu a chave de compreensão da fraternidade
à qual todos os homens são chamados. (RL)