A Europa constituirá o núcleo da UNIFIL: para o Secretário Geral da ONU será possivel
a constituição de uma força de paz credivel no Libano.
Os Estados-membros da União Europeia vão enviar até 6900 efectivos para o Líbano,
anunciou esta sexta feira o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, sublinhando
que essa contribuição vai permitir a constituição de uma força de paz "credível".
Portugal vai contribuir com militares para esta missão, mas os contornos da participação
nacional ainda não estão definidos. "A Europa vai constituir o núcleo desta força",
afirmou Annan no final de um encontro com os ministros dos Negócios Estrangeiros da
União Europeia, em Bruxelas, confirmando que pediu ao Governo de França que assuma
o comando da UNIFIL até Fevereiro de 2007. Depois dessa data, caberá à Itália - o
país que vai enviar o maior contingente para o Líbano - assumir a chefia das operações.
Para
além dos países europeus, também a Malásia, a Indonésia e o Bangladesh já se comprometeram
a enviar militares para a força internacional.
Segundo as informações
já disponíveis, a Itália vai enviar três mil efectivos; França (que inicialmente tinha
anunciado o envio de apenas 200 militares) vai elevar a sua presença na região para
um total de dois mil militares; Espanha contribuirá com 1200 soldados; a Bélgica com
400; a Polónia 300 (que se juntam aos 200 já na região); e a Finlândia com 280.
Portugal
também anunciou, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que Portugal
vai contribuir com militares para esta missão, mas o número de efectivos a enviar
será decidido após uma reunião do Conselho Superior de Defesa.
A UNIFIL,
presente no Líbano há 28 anos, mas até agora incapaz de garantir a segurança na região
Sul, vai ser reforçada nos próximos meses, passando dos actuais dois mil capacetes
azuis para cerca de 15 mil efectivos, dotados também de maior poder para actuar.
"Podemos
agora constituir uma força credível", afirmou o secretário-geral da ONU, visivelmente
satisfeito com o facto de os países europeus terem deixado cair as reticências iniciais
à participação no reforço da UNIFIL.
Esclarecendo algumas dúvidas colocadas
pela UE, Annan explicou que a resolução 1701 do Conselho de Segurança não obriga os
capacetes azuis a patrulhar a instável fronteira com Israel, uma missão que está atribuída
ao Exército libanês e que só contará com o apoio internacional se Beirute assim o
desejar. "O Líbano não nos pediu isso", afirmou.
Quanto ao desarmamento
do Hezbollah – exigido por anteriores resoluções da ONU, mas ainda sem um calendário
para a sua concretização – Annan disse que esta não é uma questão "que possa ser resolvida
pela força". "As tropas [da UNIFIL] não vão desarmar o Hezbollah, isso deve ficar
claro", sublinhou.
Apesar de ser um objectivo partilhado pelos países
ocidentais, é consensual que a desmilitarização do movimento xiita deve ser conseguida
através de um acordo entre as várias facções libanesas, cabendo ao Exército a monitorização
desse desarmamento, ainda que possa vir a contar com um apoio de retaguarda da UNIFIL.
A
principal missão dos capacetes azuis será assim o patrulhamento, em cooperação com
o Exército libanês, da região a sul do rio Litani, a fim de garantir o cessar-fogo
entre o Hezbollah e o Exército israelita e evitar que a zona volte a ser usada para
o lançamento de "rockets" contra Israel. À medida que a UNIFIL for sendo posicionada
no terreno, Israel promete abandonar as posições que assumiu durante os 34 dias da
ofensiva.