MALÁSIA: NÃO PODE SE CASAR PORQUE CONVERTIDA AO CRISTIANISMO
Kuala Lumpur, 25 ago (RV) - A história de Azlina Jailani _ cidadã malaia de
religião islâmica, que se converteu ao Cristianismo e agora se faz chamar Lina Joy
_ acabou nas páginas da edição de hoje do "International Herald Tribune".
Oito
anos atrás, ela decidiu se converter do Islamismo ao Cristianismo, tornando-se motivo
de polêmica e um "caso de Justiça" na Malásia, dividida entre o regime islâmico e
o Estado laico.
Tudo começou em 1990, quando Azlina Jailani encontrou o grande
amor de sua vida: ela malaia e muçulmana; ele indiano e cristão. Depois de algum tempo,
decidem casar-se e ela, para poder fazê-lo, se converte ao Cristianismo. Em 1998,
é batizada na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Kuala Lumpur, capital da Malásia,
e muda seu nome para Lina Joy.
Apesar disso, em sua carta de identidade, a
jovem permanece muçulmana e, assim sendo, é impedida de se casar com o rito cristão.
Em 2001 Lina Joy entra com um recurso junto ao Tribunal Civil que, todavia, transfere
o caso à Corte Islâmica, a qual, obviamente, aplica a xariá (lei islâmica) e indefere
seu pedido.
Lina Joy continua sua luta para que lhe seja reconhecido o direito
de se casar com o homem que escolheu. Ela argumenta que, tendo se convertido ao Cristianismo,
a xariá não pode ser aplicada a seu caso. Tem início, assim, a sua longa batalha legal.
No
mês passado, seu advogado, Benjamin Dawson, decide apelar para o Supremo Tribunal
da Malásia, alegando a necessidade de fazer valer as normas constitucionais frente
à aplicação da xariá.
O atual primeiro-ministro _ Abdullah Badawi _ que assumiu
o cargo em 2003, substituindo Mahathir Mohamad, tomou posição contra Lina Joy, proibindo
a realização de manifestações em seu favor, promovidas por grupos e associações de
defesa dos direitos humanos.
Cerca de 60% dos 26 milhões de habitantes da Malásia
são muçulmanos; 20% são budistas, 10%, cristãos e 6%, hinduístas. (AF)