2006-08-18 12:43:25

CPLP debate sobre a educação de jovens e adultos e o analfabetismo


A Comunidade de Países de Língua Portuguesa está a promover, em Brasília, um debate sobre a Educação de jovens e adultos e o analfabetismo, mas Portugal não marca presença no evento. Lisboa justifica a ausência com questões de agenda, mas a Lusofonia não poupa críticas…
Representantes de todos os países-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) à excepção de Portugal estão reunidos na cidade de Brasília com o objectivo de procederem à elaboração de um plano estratégico no campo da alfabetização e da Educação de jovens e adultos. “Não queremos criar uma pauta nova para os países de Língua Portuguesa, mas antes discutir directrizes no campo da Educação e ajudar os países a cumprir as Metas do Milénio estabelecidas pelas Nações Unidas”, explicou Timothy Ireland, director do Departamento de Educação de Jovens e Adultos do Ministério da Educação do Brasil.

A ausência de Portugal foi lamentada por todos os participantes naquele que é o primeiro encontro a nível governamental dos países da CPLP sobre a temática da alfabetização. Em Lisboa, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros explicou entretanto que a ausência de Portugal na reunião de Brasília se deveu a “contingências várias”, mas garantiu que “Portugal está sempre disponível para participar em iniciativas ligadas ao sector da alfabetização e no âmbito da CPLP”. Não obstante, adiantou a mesma fonte, compromissos internacionais diversos neste sector e a realização da reunião internacional sobre alfabetização imediatamente antes da que agora está em curso na capital brasileira impediram Portugal de “dar a resposta que desejava”.

À luz de estatísticas oficiais, o nível de analfabetismo nos países lusófonos é muito elevado. Em Angola, por exemplo, aquela taxa ronda os 60 por cento, com maior incidência nas mulheres. Já o Brasil possui 33 milhões de analfabetos funcionais (pessoas com menos de quatro anos de estudo), e cerca de 16 milhões com mais de 15 anos que ainda não foram alfabetizados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em Moçambique, um inquérito recente realizado pelo Instituto Nacional de Estatística aponta uma média de 51,9 por cento de analfabetos no país, sendo a taxa de mulheres ainda mais elevada (66,7 por cento).

Na Guiné-Bissau o índice de analfabetismo é hoje de 63 por cento, enquanto em São Tomé e Príncipe aquela taxa atinge os 20 por cento, e em Cabo Verde, onde a grande maioria a população fala crioulo, apesar de a língua oficial ser o Português, o analfabetismo afecta 25 por cento dos habitantes. De entre os 800 mil timorenses, uma franja superior a 40 por cento, sendo que apenas homens e mulheres com mais de 40 anos falam em Língua Portuguesa, enquanto nos restantes grupos etários se verifica o domínio do tétum, o outro idioma oficial no país.

A questão do multilinguismo está a ser analisada. A alfabetização em várias línguas é um grande desafio para a CPLP.
O encontro dos representantes da CPLP para discutir a alfabetização de jovens e adultos foi promovido pelo governo brasileiro em parceria com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
 







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