Bispos libaneses temem aumento de poder do Hezbollah
A assembleia dos Bispos católicos maronitas do Líbano manifestou os seus receios relativamente
à existência de uma “dupla autoridade política no país”, após o final do conflito
que opôs Israel ao Hezbollah. Os prelados temem que a resolução 1701 da ONU seja
interpretada de forma ambígua, deixando caminho aberto para um aumento de poder do
Hezbollah. Sem nunca fazer referência directa à milícia xiita, os Bispos convidam
toda a população à união sob a autoridade do Governo, “que goza da confiança do Parlamento
eleito democraticamente”. Num comunicado publicado no final da assembleia, os
líderes maronitas frisam que “os dramas vividos pelos libaneses durante esta guerra,
que durou mais de um mês, ensinaram-nos que não se pode continuar com uma dupla autoridade
política nas decisões”. Os receios relativamente ao poder do Hezbollah foram manifestados
também pelo Cardeal Nasrallah Sfeir em entrevista ao semanário alemão Der Spiegel,
ao qual defendeu que “o Hezbollah não tem nenhum direito de manter um exército”. “O
Hezbollah tornou-se um Estado dentro de outro Estado, com o apoio do Irão, que ainda
envia armas. Isso é algo que não aceitaremos depois da guerra", explicou o Patriarca.
O Cardeal Sfeir disse ainda que o Líbano deseja manter boas relações com Síria,
pedindo que Damasco aceite a demarcação da fronteira com o Líbano e a libertação dos
prisioneiros libaneses. O êxodo dos cristãos é outra questão que preocupa o Patriarca.
“Mantivemo-nos no mundo árabe por dois mil anos, mas agora a presença diminui com
muita rapidez. A actual crise está a reforçar esta tendência dramaticamente", disse.