Bispos de São Paulo manifestam-se contra a violência
Os Bispos da província eclesiástica de São Paulo, no Brasil, publicaram um documento
em que condenam a onda de violência que varre o Estado, pedindo, ao mesmo tempo, uma
reforma do sistema prisional.
Há pelo menos três meses, a facção criminosa
Primeiro Comando da Capital (PCC) tem mantido um clima de terror sobre São Paulo com
ataques a prédios públicos, privados, agências bancárias, viaturas e esquadras policiais,
postos de gasolina e autocarros. A série de atentados registada na semana passada
contou com mais de 167 ataques, de que resultaram seis vítimas mortais, cinco feridos
e 33 suspeitos detidos, segundo o último balanço oficial.
Os Bispos católicos
repudiam “toda esta violência desencadeada pelo crime organizado e as suas causas
profundas”. “Rezamos e solidarizamo-nos com todas as pessoas e famílias, de ambos
os lados do conflito, que sofreram a violência ou tiveram pessoas inocentes assassinadas
entre os seus familiares, parentes ou amigos”, pode ler-se na nota difundida pela
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), terça-feira.
O documento
refere mesmo que os ataques “continham também ingredientes de terrorismo, ou seja,
tentativas de aterrorizar a sociedade, atacando civis inocentes, instituições e serviços
públicos, incendiando autocarros, sequestrando jornalistas para extorquir a publicação
de manifesto”.
Condenando firmemente qualquer acção violenta, os Bispos católicos
da província eclesiástica de São Paulo exigem das autoridades políticas, entre outras
reformas, “a Reforma da Segurança Pública” e a “Reforma Prisional”.
“Os delinquentes
precisam de ser detidos, julgados, punidos e recuperados. Contudo, para colocar todos
na prisão seria necessário que o Estado construísse uma nova prisão cada mês. Isso
demonstra que há algo de profundamente errado”, escrevem os Bispos.
O documento
refere que “há urgente necessidade de humanizar as prisões”. As condições desumanas
e injustas em que vivem os presos constituem um dos factores do fortalecimento do
crime organizado, das rebeliões, dos assassinatos dentro das prisões e tantos outros
males que mostram como nosso sistema penitenciário é altamente deteriorado e muitas
vezes cruelmente injusto”, acrescenta a nota.