NENHUM ACORDO DE PAZ PODERÁ DURAR SE NÃO FOR ACOMPANHADO PELA PAZ NOS CORAÇÕES: DESTACA
O ENVIADO DO PAPA AO LÍBANO
Beirute, 15 ago (RV) - A verdadeira paz se constrói com o perdão e a conversão
dos corações: foi a exortação do enviado especial de Bento XVI ao Líbano, Cardeal
Roger Etchegaray, aos fiéis e a todos os homens de boa vontade, na santa missa que
celebrou, esta manhã, no santuário mariano de Harissa, quando reiterou a importância
da oração para obter a paz.
"Cristo não somente nos doa a paz; Ele é a nossa
paz!" _ disse o Cardeal Etchegaray, sublinhando que a paz e a oração estão interligadas.
Rezar _ afirmou _ "é a prova mais segura de que nós assumimos a paz com seriedade".
Vim
ao Líbano _ disse o purpurado _ como "mensageiro do Papa", mensageiro de paz. Com
esse espírito, acrescentou, "estamos unidos àqueles que se encontram em oração, na
cidade de Nazaré". Em Nazaré, de fato, o patriarca latino de Jerusalém, Dom Michel
Sabbah, presidiu à santa missa, na Basílica da Natividade, durante a qual implorou,
uma vez mais, o dom da paz para o Oriente Médio.
O Cardeal Etchegaray, presidente
emérito do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", mencionou o dramático dado da
tenra idade das vítimas desta guerra _ 30% são crianças com menos de 12 anos de idade.
Diante
do alcance de tal horror, não haverá "nenhum remédio" _ ponderou o cardeal _ enquanto
"não atingirmos as raízes do mal", enquanto, "humildemente, cada um não reconhecer
que os inimigos não são somente os outros, mas também eles mesmos". O verdadeiro caminho
para a paz, mais do que político, é espiritual, constatou o cardeal francês.
Por
isso, "nenhuma paz estabelecida por um acordo poderá reger, se não for acompanhada
também pela paz dos corações". Mas _ acrescentou _ "somente Deus pode mudar os corações
endurecidos", sobretudo numa época em que "a violência se infiltra na vida cotidiana,
suscitando aquele medo que transforma o homem numa fera".
Nenhuma religião
_ advertiu o Cardeal Etchegaray _ pode pretender "capturar Deus, para colocá-lo da
sua parte e contra a outra". Todos os credos são "chamados a recorrer a Deus clemente
e misericordioso".
Neste "clima de ódio que respiramos" _ afirmou ainda o enviado
especial do Papa ao Líbano, entendemos que "somente o perdão pode conduzir-nos à reconciliação".
Somente quando o homem for capaz de perdoar, a terra viverá "numa paz repleta de alegria".
O
Cardeal Etchegaray dirigiu sua atenção também ao conflito israelense-palestino: trata-se
_ evidenciou _ de "um daqueles dramas que, se não for encontrada rapidamente, uma
solução justa, não poupará ninguém, não deixará nenhum Estado inocente ou indene,
quanto a seu futuro".
Enquanto não tivermos "verdade e justiça" para ambos
os povos, "não teremos paz duradoura no mundo". Sobretudo neste lugar, acrescentou,
"viver junto é um desafio e um programa".
O Cardeal Etchegaray rezou também
pelas vítimas das outras guerras _ as guerras esquecidas _ e pelo povo iraquiano,
tão duramente provado.
Depois recordou que, justamente 21 anos atrás, João
Paulo II o enviara ao Líbano, num momento de grande provação para o povo libanês,
atormentado por outra terrível guerra. O purpurado fez questão de repetir as mesmas
palavras de então: "Líbano, você não morrera. Sob os escombros fumegantes da violência
da violência e da vingança, descobrimos que sua alma permanece intacta!" (RL)