PINOCHET PODERÁ RESPONDER PELA MORTE DE SACERDOTE ESPANHOL
Santiago, 08 ago (RV) - Há elementos suficientes para processar Augusto Pinochet:
com essa análise, o juiz Jorge Zepeda acolheu o pedido de revogação de imunidade,
do ex-ditador, por responsabilidade no desaparecimento de um sacerdote espanhol, Pe.
Antonio Llidó, detido no mês de janeiro de 1975.
A decisão de Zepeda deverá
agora ser aprovada ou revogada pela Tribunal de Recursos e, em última instância, pela
Corte Suprema. O pedido foi apresentado pela advogada Fabiola Letelier, filha do ex-ministro
do Exterior, Orlando Letelier, assassinado em Washington no dia 21 de Setembro de
1976, pela DINA, a política secreta do regime de Pinochet, junto com sua secretária,
Ronni Moffit.
Entre as testemunhas a favor da acusação, encontra-se o bispo
luterano, Helmut Frenz, segundo o qual, num encontro com Pinochet, esse lhe teria
dito que Pe. Llidó "devia ser torturado, porque não era um sacerdote, mas sim um marxista".
Após
a prisão, o sacerdote foi transferido para a colonia "Dignidad", uma enorme fazenda
que se encontra 350 km ao sul de Santiago, de propriedade do mercenário nazista, Paul
Schaefer, que hospedou o serviço secreto da ditadura Pinochet. Ali, se realizaram,
em absoluto segredo, os trabalhos mais "sujos" da repressão. Acerca do paradeiro de
Pe. Llidó não se soube mais nada.
Pe. Antonio Llidó é o único sacerdote espanhol
desaparecido durante a ditadura de Pinochet (1973-90), que ceifou a vida de, pelo
menos, 30 mil pessoas. Nos dias passados, foi apresentado outro pedido de revogação
da imunidade de Pinochet, para que ele possa responder pela morte de um sacerdote
chileno (que havia deixado o ministério) de origem italiana, Pe. Omar Venturelli Leonelli,
detido no dia 25 de setembro e desaparecido no dia 4 de outubro de 1973. Era professor
da Universidade Católica de Temuco e participava do Movimento Cristãos pelo Socialismo.
Ficou detido no cárcere de Temuco até seu desaparecimento. (SP)