2006-08-09 12:11:12

Deus amor, no centro do Evangelho e das Cartas de S. João, foi o tema da catequese papal na audiência-geral desta semana. O Papa voltou a pedir orações pela paz no Médio Oriente:"se quereis ser irmãos, deixai cair as armas"


Dirigindo-se a milhares de peregrinos que enchiam completamente a Aula Paulo VI, no Vaticano, Bento XVI começou por recordar que o tema central dos escritos de S. João é o amor: “Deus é amor; quem está no amor permanece em Deus e Deus permanece nele”.
“É muito difícil encontrar noutras religiões textos do género – observou o Papa. Tais expressões colocam-nos pois perante um dado peculiar do cristianismo”. Mas João “não fala (do Amor e de Deus) de modo abstracto, como poderia acontecer quando se enfrenta um tema de carácter doutrinal e teórico” – sublinhou. Por sua natureza, o verdadeiro amor nunca é puramente especulativo, mas tem referência directa, real, verificável, em pessoas concretas”.

O amor cristão, segundo S. João, inclui três componentes, três fases, um movimento com três momentos diversos.
Antes de mais o que diz respeito à nascente do Amor: o próprio Deus. Bento XVI fez notar que “João não se limita a descrever o agir divino, mas vai às suas raízes. Por outro lado, não pretende atribuir uma qualidade divina a um amor genérico, porventura impessoal”, mas sim pôr em evidência que “toda a actividade de Deus nasce do amor e é marcada pelo amor: tudo o que Deus faz, fá-lo por amor e com amor”.
O segundo aspecto do amor de Deus, segundo João, é o facto de que “Deus demonstrou concretamente o Seu amor entrando na história humana mediante a pessoa de Jesus Cristo, incarnado, morto e ressuscitado por nós”. Ou seja: Deus “não se limitou a declarações verbais, mas empenhou-se mesmo e ‘pagou’ em primeira pessoa. Como escreve precisamente João: “Deus amou tanto o mundo (todos nós) a ponto de dar o seu Filho unigénito”. “Eis aonde chegou o amor de Jesus por nós: até à efusão do seu próprio sangue pela nossa salvação! O cristão, detendo-se em contemplação perante este ‘excesso’ de amor, não pode deixar de perguntar-se qual será a resposta que se impõe”.
E é este “o terceiro momento da dinâmica do amor” – concluiu Bento XVI, na audiência geral desta quarta-feira: “de destinatários receptivos de um amor que nos precede e domina, somos chamados ao empenho de uma resposta activa que para ser adequada não pode deixar de ser uma resposta do amor. João fala mesmo de mandamento, referindo estas palavras de Jesus: ‘Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei, amai-vos assim também vós uns aos outros”.
Jesus não se limita a repetir, com o Antigo Testamento: “Ama o teu próximo como a ti mesmo!”. “Jesus apresenta como motivo e norma do nosso amor a sua própria pessoa. É assim que o amor se torna mesmo cristão: dirigido a todos sem excepção, chamado a chegar até às últimas consequências, sem outra medida que não seja a de ser sem medida.
Estas palavras de Jesus, Como eu vos amei de certo modo inquietam-nos, porque apontam uma meta que pode parecer inatingível, mas ao mesmo tempo são um estímulo porque não permitem que nos contentemos com aquilo que pudemos já realizar.”


Dirigindo-se em português aos peregrinos da nossa língua, o Papa resumiu de modo brevíssimo o rico conteúdo da sua catequese: RealAudioMP3
"Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os fiéis da paróquia de São Bernardo e restantes grupos de Portugal e do Brasil, com votos de que os vossos corações sejam inundados pelo amor de Deus, que se manifestou em Jesus Cristo. Ele levou até ao extremo o seu amor por nós e disse: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei». O nobre amor de Jesus impele-nos a realizar coisas grandes e faz-nos desejar coisas sempre mais perfeitas. Modelo excelso disto mesmo é a Virgem Maria assunta ao Céu em corpo e alma, cuja festa nos preparamos para celebrar, pedindo-Lhe, para vós e vossas famílias, a abundância deste amor que nasce de Deus e não pode repousar senão em Deus."


Foi quase a concluir a audiência que Bento XVI se referiu – citamos – “à amada região do Médio Oriente”. Em relação ao “trágico conflito em curso”, o Papa recordou as palavras pronunciadas por Paulo VI, em Outubro de 1965, na ONU: “Nunca mais uns contra os outros, nunca mais, nunca mais!... Se quereis ser irmãos, deixai cair as armas - das mãos’. Perante os actuais esforços para chegar finalmente ao cessar-fogo e a uma solução justa e duradoura do conflito, repito, com o meu imediato predecessor João Paulo II: “É possível mudar o curso dos acontecimentos quando prevalecem a razão, a boa vontade, a confiança no outro, a aplicação dos compromissos assumidos e a cooperação entre parceiros responsáveis." O Papa concluiu exortamndo uma vez mais os fiéis a rezarem para obter o desejado dom da paz.








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