CUSTÓDIO DA TERRA SANTA: ESTADO DE ISRAEL PARECE "ANIMAL AMEDRONTADO E AGRESSIVO"
Jerusalém, 02 ago (RV) - Israel parece "um animal encurralado num canto, amedrontado
e cheio de raiva e agressividade; uma Nação onde parece faltar uma "liderança forte"".
Dessa forma, Pe. Pierbattista Pizzaballa, custódio franciscano da Terra Santa, comenta
a tragédia da guerra libanesa, que se abateu de improviso sobre os povos da região,
e para a qual não se entrevê, até o momento, uma saída possível.
Pe. Pizzaballa
é, há quase dois anos, o responsável pelos franciscanos da Terra Santa, ordem à qual
a Santa Sé confiou a custódia e a defesa dos Lugares Sagrados do Cristianismo. Uma
tarefa que se tornou muito difícil nos últimos tempos: "Não temos dinheiro, nossa
única arma é a fé, a comunidade cristã local está cada vez mais oprimida e não creio
que o mundo dos poderosos esteja muito interessado em nossos apelos em favor da paz"
_ observa. "Não podemos influir em quase nada na solução do conflito. Contamos apenas
com a cruz e a oração."
O religioso _ um dos maiores especialistas católicos
em cultura e língua hebraica _ reconhece a Israel o "direito de se defender" dos ataques
vindos do "Hezbollah". "É a natureza da resposta _ observa Pizzaballa _ que suscita
muitas perguntas. O Líbano é um país extremado, e não creio que a opção militar possa
levar a algum lugar."
"Os judeus se sentem assediados, frustrados e cheios
de ira contra o mundo todo, a Europa em particular. Sentem-se alvos de tropas inimigas
e reagem como um animal encurralado, amedrontado e, por isso mesmo, muito agressivo."
"Sinto
muita pena _ confessa o religioso _ porque quero muito bem a Israel. Em tudo o que
está acontecendo, não vejo uma estratégia clara. Talvez esteja faltando um líder forte
e carismático."
"A solução _ afirma Pe. Pizzaballa _ só pode ser política e,
para encontrá-la, deve haver uma intervenção decidida, por parte da comunidade internacional,
de toda a comunidade internacional, Estados Unidos e Europa, juntos, e não separadamente."
"O
que causa tristeza é que as crises jamais são resolvidas antes que seja muito tarde"
_ acrescenta o franciscano. "Que o Hezbollah fosse um Estado dentro do Estado libanês,
já se sabia há muito tempo, e creio _ ressalta Pe. Pizzaballa _ que qualquer restabelecimento
futuro da paz deve prever a retomada da autoridade do governo central sobre todo o
território do Líbano."
Quando for resolvida a crise libanesa, o mundo deverá
concentrar-se no núcleo de todos os problemas do Oriente Médio, que é o conflito entre
Israel e Palestina. (MZ)