SUPERIOR DOS JESUÍTAS EXPLICA PORQUE CONVOCOU UMA CONGREGAÇÃO GERAL
Roma, 29 jul (RV) - O prepósito-geral da Companhia de Jesus, Pe. Peter-Hans
Kolvenbach, convocou, em fevereiro passado, uma Congregação Geral para janeiro de
2008, durante a qual deverá ser eleito seu sucessor. Foi um anúncio inesperado, pois
se trata de um cargo vitalício. A reunião dos representantes dos quase 20 mil jesuítas
espalhados pelo mundo enfrentará, além desse tópico, outros assuntos importantes para
a vida da Companhia.
Em entrevista concedida às vésperas da festividade de
Santa Inácio de Loyola _ 31 de julho _ fundador dos Jesuítas, quando se recordarão
os 450 anos de seu falecimento em Roma, Pe. Kolvenbach explica os motivos dessa decisão.
Santo
Inácio não era favorável à convocação de Congregações Gerais em datas pré-fixadas.
Ele acreditava que os preparativos necessários para convocar uma Congregação Geral
e chamar a Roma um elevado número de jesuítas de todo o mundo podia afetar o trabalho
apostólico em que estavam envolvidos.
Portanto, prescreveu que somente "por
razões de maior importância", quando os assuntos fossem de tal envergadura que extrapolassem
a capacidade de governo ordinário da Companhia para enfrentá-los, dever-se-ia convocar
uma Congregação Geral. Na realidade, houve somente 34 Congregações Gerais nos 465
anos de história da Companhia.
A Igreja e a sociedade atual enfrentam problemas
que requerem um exame atento e criativo _ observa Pe. Kolvenbach. A globalização,
a emigração, os deslocamentos maciços, o relativismo, a secularização e tantos outros
são desafios que afetam todos os países e impõem mudanças importantes em nosso planejamento
apostólico. "A Congregação Geral é o instrumento à disposição da Companhia para, com
a graça de Deus, encontrar o modo de servir à Igreja e ao mundo" _ afirma Pe. Kolvenbach.
"A
este motivo de grande importância, se acrescenta outro de caráter pessoal: os muitos
anos que estou a cargo do governo da Companhia e a conveniência de eleger meu sucessor"
_ sublinha Pe. Kolvenbach.
Santo Inácio via razões válidas para prescrever
que o cargo de superior-geral fosse vitalício. E certamente, não se pode negar que
isso traz certas vantagens. Mas essa decisão de Santo Inácio foi tomada no século
XVI, quando a expectativa de vida era muito mais curta que agora.
"Em 2008
_ conclui o prepósito-geral dos Jesuítas _ estarei a ponto de completar 80 anos de
idade e 25 como superior-geral: são circunstâncias que questionam legitimamente a
conveniência de pôr um ponto final a um período tão longo." (RL)