2006-07-31 18:43:20

Bispo de Cabinda defende acordo de paz forte


O Bispo da diocese de Cabinda defendeu que o Memorando de Entendimento que será assinado terça-feira entre o governo angolano e o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD) deverá ser "um acordo forte e alicerçado na justiça".
"Concretamente sobre este acordo que vai ser assinado a 1 de Agosto, no Namibe, só fazemos um voto que seja uma esperança e ao mesmo tempo um desejo que seja um acordo forte, alicerçado sobre a justiça, no respeito das liberdades individuais, do princípio da democracia participativa, no qual a população se reveja e encontre resposta para as suas ansiedades", salientou D. Filomeno Viera Dias.
Em declarações aos jornalistas na cidade de Cabinda, o bispo acrescentou que o acordo "pode ser o princípio de um grande caminho. Este é o nosso voto, é o nosso convite e trabalho nessa direcção".
D. Filomeno Vieira Dias clarificou o papel da igreja Católica na construção da paz afirmando que ela se demarca de posicionamentos políticos, mas manifesta-se favorável à paz entre os homens. "Sobre a questão da construção da paz dos povos na sociedade humana o posicionamento da igreja é unânime. A igreja é ela que anuncia e promove a paz e todo o esforço que venha a ser feito nesse sentido, merece o seu aplauso", frisou.
Questionado sobre a não participação nas negociações de paz para o enclave de Cabinda, já que a Igreja integra o FCD, o bispo rejeitou que tenha havido exclusão no processo, reafirmando tratar-se de uma questão que compete aos políticos.
Segundo o bispo, "não é missão da igreja participar em negociações e iniciativas políticas a título próprio, senão a de anunciar o evangelho e através dele iluminar a vida dos homens na sua relação com Deus e inspirar as relações dos homens entre si".
"Por isso nós não nos sentimos neste sentido excluídos ou marginalizados, essa missão cabe às estruturas e organizações da sociedade civil, partidos, forças políticas e as correntes de pensamento como campo por excelência dos leigos e não dos padres, nem dos bispos", disse D. Filomeno Vieira Dias.
O bispo admitiu no entanto que se a Igreja for convidada a "ajudar a facilitar dentro das suas competências o fará, mas sempre conservando a sua identidade, natureza e missão".
O Memorando de Entendimento para a Paz e reconciliação na província de Cabinda é o resultado das conversações, que culminou com a assinatura entre as chefias militares do Governo e do FCD, a 18 de Julho, na localidade de Chicamba, município de Massabi, província de Cabinda, de um acordo de cessar-fogo para esta parcela do território angolano. O documento prevê a atribuição de um estatuto especial a Cabinda, com respeito à Lei Constitucional e demais legislação em vigor na República de Angola, Nação una e indivisível.
Redacção/Lusa








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