Instituições religiosas acolhem refugiados no Libano
A continuação do conflito no Médio Oriente, que já provocou centenas de mortos e pelo
menos meio milhão de deslocados, está a gerar uma verdadeira crise humanitária e a
dificultar, cada vez mais, a assistência às populações atingidas. Neste cenário, muitas
instituições religiosas funcionam como um refúgio para quem já perdeu tudo. O
Pe. Elias Aghaei, superior dos Paulistas no Líbano, refere à agência Fides, do Vaticano,
que “há destruição por todo o lado”, assinalando que cerca de 4 mil refugiados do
sul do país chegaram à área de Harissa, onde se localiza a casa dos religiosos. “Estamos
a tentar dar-lhes assistência, mas não temos tudo o que é preciso, em especial os
medicamentos”, avança, pedindo um cessar-fogo imediato. Outro religioso, Georges
Absi, confirma que muitas casas de institutos de Vida Consagrada estão transformadas
em centros de refugiados, mas adverte que “as condições são muito difíceis”. Dezenas
de milhares de habitantes do sul do Líbano optaram por refugiar-se em bairros maioritariamente
cristãos. Nas aldeias cristãos do sul, os conventos e mosteiros continuam a abrir
as suas portas para acolher os que escapam dos bombardeamentos israelitas. O Alto
Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) expressou hoje sua preocupação com
as "precárias condições" dos libaneses que fogem para abrigos nas montanhas. Num comunicado
divulgado em Genebra, o ACNUR indica que o principal problema é como fazer chegar
material de primeira necessidade aos deslocados libaneses nas montanhas. A casa
Salesiana “Dom Bosco”, de El Houssoun, na região montanhosa, acolhe neste momento
mais de 200 pesoas. Segundo a ANS (Agência de Notícias Salesiana), o Voluntariado
Internacional para o Desenvolvimento e o "Don Euro Bosco Network" (DBN) mobilizaram-se
para uma arrecadação de fundos, tendo já enviado os primeiros 20.000 Euros. “São
muitas as crianças e as mulheres (algumas idosas, duas em estado de gravidez adiantada
e dois homens cardiopáticos). Muitas dessas pessoas estão em estado de choque pelo
terror daquilo que acabaram de viver”, declarou o Pe. Dany El Hayek, encarregado da
casa de El Houssoun. “Estamos prontos para erguer uma campo de refugiados com
mais de 200 barracas, no terreno disponível em redor da nossa casa”, informam os Salesianos.
Bento XVI tem sido questionado pelos jornalistas, nestes dias, a respeito das
comunidades cristãs da Terra Santa e assegura que o contacto com as mesmas é “constante”.
Este sábado, a Santa Sé divulgou um comunicado em que anunciava o envio de ajuda às
populações locais, através do Conselho Pontifício “Cor Unum” - órgão executivo do
Papa quando ele empreende iniciativas humanitárias especiais. A primeira ajuda
destina-se ao acolhimento dos milhares de deslocados e dirige-se à Cáritas Líbano,
à Custódia da Terra Santa e outras organizações presentes no terreno.