Espanha contrata imigrantes directamente nos paises de origem
Mais de 200 mil estrangeiros foram contratados no primeiro semestre deste ano nos
países de origem para trabalharem em Espanha. Este é o caminho que o governo espanhol
quer seguir no incentivo à imigração legal, já que José Luís Zapatero reconhece que
"terminaram os tempos em que os países de destino podiam abrir ou fechar as suas fronteiras".
Depois de um processo de regularização em 2005 e que legalizou 600 mil imigrantes,
a Espanha recebeu mais 200 mil no primeiro semestre deste ano com vistos de trabalho.
Foram contratados na maioria em Marrocos, no Equador e na República Dominicana para
os sectores da hotelaria, construção civil e agricultura. Ao mesmo tempo, dezenas
de clandestinos chegam diariamente às ilhas Canárias, mas este é o tipo imigração
que os espanhóis repudiam.
No I Encontro Iberoamericano sobre Migrações e Desenvolvimento,
a semana passada em Madrid, o presidente do governo espanhol, defendeu uma política
de integração e de coesão social, baseada em três elementos: "Legalidade na chegada;
respeito pelos direitos e integração baseada na igualdade." O fundo para o apoio social
dos cidadãos estrangeiros passou de 7,7 milhões de euros para 182 (23 vezes mais).
Espanha tem 2,8 milhões de imigrantes (7% da população), mais de um milhão do quais
iberoamericanos. Portugal tem cerca 500 mil estrangeiros (5% dos residentes), entre
eles 65 mil brasileiros legais.
O encontro reuniu peritos e governantes dos
países iberoamericanos. Os participantes foram unânimes em considerar que os fluxos
migratórios vão continuar, mas que têm características diferentes dos anteriores -
há cada vez mais mulheres a imigrar e aumentam os imigrantes qualificados. Defenderam
a cooperação entre os países de origem e de destino para desenvolver políticas de
imigração concertadas e que reduzam as desigualdades sociais.
Organizado pela
Secretaria-Geral Iberoamericana, o encontro serviu de preparação para a cimeira de
chefes de Estado em Montevideo, Uruguai, em Novembro, sobre Migração Internacional
e Desenvolvimento. O Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas de Portugal,
Rui Marques, presidiu à cerimónia de encerramento, destacando a necessidade de se
olhar a imigração "como um factor de desenvolvimento integral e sustentável para todos".