2006-07-20 19:07:41

CRUZADAS FORAM ATOS DE DEFESA, NÃO DE ATAQUE


Roma, 19 jul (RV) - As cruzadas não foram um "exemplo de imperialismo", mas uma tentativa dos ocidentais, de defender os lugares santos e Jerusalém, afirmou Jonathan Riley-Smith, professor da Universidade de Cambridge e um dos maiores historiadores do mundo, sobre o assunto, numa mesa-redonda organizada pela Universidade Européia de Roma, sobre o tema "As cruzadas, entre mito e realidade".

Da mesa-redonda participaram 22 especialistas de várias universidades européias, que previamente se reuniram no Centro Nacional de Pesquisa de Roma, para debater sobre as novas perspectivas de pesquisa sobre o tema: as ordens militares (templários, hospitalares, teutônicos, etc.).

O prof. Riley-Smith explicou que a interpretação que levou as cruzadas ao desprestígio e desprezo é fruto das obras de Walter Scott (1771-1832) e de Joseph François Michaud (1767-1839).

O escritor escocês, Scott, apresentou os cruzados como "intemperantes, dedicados a assaltar grosseiramente os muçulmanos, mais avançados e civilizados", enquanto, por sua vez, o escritor e historiador francês, Michaud, alimentou a opinião de que "as cruzadas eram expressão do imperialismo europeu".

Segundo o prof. Riley-Smith, a idéia de que a cruzada era uma empresa colonial tomou mais força há 50 anos. Ele explicou que, na época em que as cruzadas se realizaram "a teoria da guerra se justificava teologicamente numa sociedade que se sentia ameaçada".

Por este motivo, afirmou, não deve escandalizar "nem que o papado reconhecesse as ordens militares, nem o fato que, pelo menos cinco concílios se pronunciassem em favor das cruzadas, e dois deles, o 4º Concílio de Latrão (1215) e o Concílio de Lyon (1274), publicassem as constituições "Ad Liberandam" e "Pro Zelo Fidei", dois documentos que definiram o movimento das cruzadas".

"É difícil agora, imaginar _ precisou o prof. Riley-Smith _ a intensidade do amor que, então, se sentia pelos lugares santos e por Jerusalém. A preocupação suscitada pela heresia e pelos assaltos físicos contra a Igreja, o medo dos ocidentais de serem assaltados pelos invasores muçulmanos, capazes de chegar ao centro da França no século VIII, e a Viena, nos séculos XVI e XVII."

"Isso permite explicar _ concluiu _ porque, durante centenas de anos, papas, bispos e a maioria dos féis consideraram que combater nas cruzadas era a melhor arma defensiva de que dispunham, e era uma forma popular de devoção, o que pode ter obscurecido, a seus olhos, o fato que, na realidade, se podia confiar pouco nisso." (MZ)







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