Caritas alerta para a tragédia humanitária no Libano
A Cáritas, organização católica humanitária, teme que o deslocamento de milhares de
pessoas no Líbano, que fogem do conflito bélico desatado nos últimos dias, possa provocar
“uma catástrofe sem precedentes”. O presidente e o secretário-geral de Cáritas
Líbano, Louis Samaha e Habib Hatem, remeteram a todas as Cáritas do mundo um comunicado
que informa sobre as centenas de mortos e feridos resultantes dos bombardeamentos
israelitas contra Beirute. Segundo dados da UNICEF, o conflito já provocou, no
Líbano, a morte de 212 civis, 23 soldados e 5 elementos do Hezbollah, para além do
meio milhão de deslocados que existem actualmente naquele país. Em território israelita
morreram 13 civis e 12 soldados. A porta-voz da ONU, em Genebra, revelou que mais
de um milhão de pessoas poderá ter abandonado as suas casas no Líbano, já que a cidade
de Beirute e o sul do país "estão praticamente vazios". A Cáritas relata que a
população foge das cidades em busca de lugares mais seguros e a delegação libanesa
de Saida já recebeu cerca de cinco mil famílias deslocadas em centros de acolhimento
e colégios. Perante as ameaças lançadas por Israel de novos ataques contra as populações
situadas a sul de Beirute, a Cáritas Líbano espera “que tais ataques não se realizem,
já que se trata de uma zona superlotada e existe um risco real de uma catástrofe sem
precedentes". “Esperamos no fundo do nosso coração e rogamos a Deus que livre
ao Líbano de novos sofrimentos", conclui o comunicado. A confederação internacional
da Cáritas, Caritas Internationalis, fez uma pelo chamado ao "imediato cessar-fogo”
e apelou as partes a sentarem-se na mesa de negociações. "Os bombardeamentos indiscriminados
e a tomada de reféns são contrárias à moral e às leis humanitárias e princípios",
indica uma declaração da organização. “As leis humanitárias internacionais estabelecem
que os Estados e as autoridades devem proteger os civis capturados em conflito, permitir
o acesso livre às agências humanitárias para proporcionar ajuda aos afectados e assegurar
que os ataques não se dirijam a alvos civis", acrescenta a nota. A Cáritas acredita
que a paz é possível no Médio Oriente e pede à comunidade internacional e aos líderes
políticos que mantenham as leis internacionais e ajudem as pessoas de Israel, a Palestina
e o Líbano para que permaneçam fora desta guerra.