IGREJA PEDE QUE SE ESCLAREÇAM MORTES EM EL SALVADOR

San Salvador, 10 jul (RV) - A Igreja Católica em El Salvador condenou hoje, os fatos violentos entre manifestantes com a polícia, que deixaram quarta-feira passada dois mortos, e pediu que fossem investigados os fatos e se chegue ao conhecimento "da verdade".

O Bispo Auxiliar de San Salvador, Dom Gregorio Rosa Chávez, disse durante a homilia deste domingo, na Catedral metropolitana, que "condenamos sem vacilações, a morte violenta dos agentes da polícia", ao mesmo tempo em que expressou condolências aos familiares.

O prelado lamentou ainda que, no confronto, numerosas pessoas tenham ficado feridas, entre elas, um professor, que levou um tiro no peito, quando se encontrava trabalhando na Reitoria da Universidade estatal de El Salvador (UES).

Quarta-feira passada, dois agentes da polícia foram mortos e outros dez feridos por balas de fuzil M-16, supostamente disparadas por um manifestante, durante um conflito havido diante da Universidade.

O prelado, em sua homilia, afirmou que "com a mesma energia proclamamos que toda vida é sagrada, inclusive a do pior criminoso", e "repudiamos os métodos violentos porque a violência só gera violência".

A Igreja considera "que é absolutamente necessário chegar à plena verdade dos acontecimentos", assim como a de "tantos homicídios que ocorrem todos os dias, e que são um mistério".

El Salvador viveu doze anos de guerra civil (1980-1992) que deixou, segundo organismos de direitos humanos, um saldo de 75 mil mortos, 8 mil inválidos e 12 mil desaparecidos. "Não se está vendo, até o momento, o espírito dos acordos de paz, o povo não sente que vive em paz, hoje a sensação é que se vive pior, pois não há com quem negociar _ disse Dom Rosa Chávez.

O Bispo fez um apelo aos meios de comunicação, para contribuir na busca da verdade: "Pedimos que, com senso verdadeiramente patriótico, informem com honestidade e de forma pluralista e desinteressada."

O Bispo Auxiliar de San Salvador criticou o fato de alguns meios de comunicação tenham "ocultado" imagens que outros mostraram, deixando entrever certa manipulação nas informações apresentadas sobre os fatos de violência. (MZ)