Conferência Episcopal Portuguesa vai publicar instrução pastoral sobre o tema da
PMA, após a promulgação pelo Presidente da República, da lei sobre o mesmo tema.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) vai publicar uma instrução pastoral sobre
a temática da Procriação Medicamente Assistida (PMA), dirigida aos fiéis, procurando
indicar que comportamentos devem assumir os cristãos perante esta situação. A informação
foi avançada à Agência ECCLESIA por D. Carlos Azevedo, secretário da CEP. Hoje,
o Presidente Cavaco Silva promulgou a lei sobre PMA, aprovada em Maio pelo PS, PCP,
Bloco de Esquerda e oito deputados do PSD. A nova lei destina-se a casais heterossexuais,
maiores de 18 anos, e contempla técnicas como a doação de espermatozóides, ovócitos
e embriões de dadores anónimos, abrindo também as portas à investigação com embriões
excedentários (resultantes de tratamentos de infertilidade). A lei proíbe a maternidade
de substituição e a clonagem com fins reprodutivos, mas não deixa de fora o chamado
diagnóstico pré-implantatório, ou seja, a selecção dos embriões mais viáveis, com
a eliminação dos restantes. Em Janeiro deste ano, o Conselho Permanente da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP) tinha publicado uma nota sobre a procriação medicamente
assistida, na qual apontava uma série de “limites” à Lei que regulará essa prática
no nosso país. “Este método deve atender ao direito da criança que irá nascer, como
fim em si mesma e não resultado de um direito paterno ou materno sem limites”, apontava
a CEP. O documento dos Bispos, dirigido aos governantes, mostrava-se contrário
à criação de embriões humanos excedentários e não admitia o uso de embriões humanos
para manipulação ou experimentação. A reprodução heteróloga, o diagnóstico pré-implantatório
com fins eugénicos ou selectivos e a clonagem humana são outros pontos de divergência.
A CEP lembrava que o embrião é “uma vida humana dotada de dignidade”, pelo que
os Bispos consideram que as técnicas usadas devem evitar a existência de embriões
excedentários, “mesmo destinados a uma segunda gravidez do casal”. “De nenhum
modo estes embriões sejam utilizados para a investigação, enquanto vivos”, referia
o documento. Algumas das outras ideias defendidas pelos Bispos, como a proibição
das chamadas "barrigas de aluguer" e da utilização destas técnicas por casais homossexuais,
estão abrangidas por esta nova lei.