Conferencia ministerial euro-africana sobre emigração clandestina
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol defendeu esta segunda feira em Rabat,
na abertura de uma Conferência Ministerial Euro-Africana sobre Imigração Clandestina
a aplicação de "um modelo equilibrado no interesse de todos". Miguel Moratinos
referiu concretamente o interesse da Europa em "não se deixar submergir por uma imigração
incontrolada" e a importância para África de "não permitir a fuga das suas elites",
defendendo também um combate "co-responsável" contra os grupos mafiosos que fomentam
a imigração clandestina. Na conferência, uma iniciativa conjunta da Espanha e Marrocos
participam representações de 57 países europeus e africanos cujo objectivo é adoptar
um plano de acção contra a imigração clandestina. O plano integra medidas de segurança
e a realização de projectos de desenvolvimento nos países de origem dos imigrantes
e nos de trânsito, indicou uma fonte oficial marroquina. Trinta países europeus
e 27 africanos participam na reunião de Rabat, entre países de origem, trânsito e
destino dos fluxos migratórios. A União Europeia também participa na conferência,
assim como organizações internacionais como a ONU e a União Africana. A imigração
clandestina constitui uma das principais preocupações dos países europeus, confrontados
com um afluxo maciço de imigrantes oriundos da África Sub-Saariana e do Magrebe, que
procuram melhores condições de vida. Entre os países a norte do Mediterrâneo, Espanha
e Itália são os mais afectados pela imigração ilegal devido ao acesso relativamente
fácil, quer pelo estreito de Gibraltar quer através da Sicília. Com a Europa a
um "passo", os emigrantes africanos arriscam tudo e muitos morrem durante a travessia
do Mediterrâneo, a maior parte das vezes feita em embarcações sobrelotadas ou sem
quaisquer condições, como é o caso de barcos insufláveis. Por outro lado, os Estados
do Magrebe, além de países de origem, servem de placa giratória à emigração clandestina,
principalmente Marrocos, para onde viajavam milhares de pessoas oriundas da África
Sub-Saariana, com destino à Europa.