2006-07-11 15:35:14

11 de Julho: São Bento Padroeiro da Europa


Hoje, 11 de Julho, é dia de S. Bento aquele que Paulo VI chamou "de missionário da Paz, formador da unidade, mestre da cultura e, principalmente, grande promotor da vida cristã e organizador da vida monástica ocidental. Não foi sem razão que Pio XII lhe chamou Pai da Europa. Portanto, consultada a Sagrada Congregação dos Ritos declaramos e constituímos in perpetuum, perante o Deus do Céu, S. Bento como Padroeiro Principal da Europa, com todas as honras e privilégios litúrgicos que pelo Direito competem aos padroeiros principais dos lugares".
. Em 1957, um grupo de nações europeias ratificava o Tratado de Roma, constitutivo da Comunidade Europeia, que veio dar origem à Comunidade Económica Euro-peia (CEE). Em 1964, na sagração da Basílica do Mosteiro de Monte Cassino, destruído em 1948, aquando da II Guerra Mundial, o Papa Paulo VI declarou S. Bento como padroeiro da Europa.

Que terá, contudo, a ver com a Europa de hoje um santo do século VI (480-547)? Para o Pe. Geraldo Coelho Dias, beneditino, este santo que escreveu a regra Monástica - com o seu nome - deu origem à Ordem dos Monges Beneditinos, a única na Europa Ocidental anterior ao ano mil e que "chegou activa e viçosa aos tempos modernos". Os beneditinos têm uma trajectória histórica que atravessa os tempos e acompanha, "de forma decisiva, a formação da Europa Ocidental e Cristã". É, sem dúvida, através "da acção dos monges que S. Bento merece aquele título de Padroeiro da Europa".

Os seguidores de S. Bento foram os obreiros das linhas de rumo daquilo que hoje chamamos Europa Ocidental e Cristã. Os seus instrumentos de acção foram a Cruz do Evangelho - que pregaram e sob a qual viveram -, o Livro da Cultura - que conservaram e transmitiram a partir dos seus scriptoria e bibliotecas - e o arado com que arrotearam e lavraram as terras e ensinaram a cultivar. Apesar da vida comunitária no mosteiro, os beneditinos não deixaram de ser apóstolos do Cristianismo e foram, de facto, por missão da igreja, os primeiros evangelizadores e missionários da Europa: S. Vilfrido e S. Bento Biscop na Inglaterra; S. Bonifácio na Alemanha; S. Vilibrordo nos Países Baixos; S. Pirmino nos Alamanos e S. Anscário nos Países Escandinavos.

Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento, estabelecida no século VI por Bento de Núrsia, o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos e canonizado mais tarde. S. Bento prescrevia para os monges uma vida de pobreza, castidade e obediência, sob a orientação monástica de um abade, cuja palavra era lei. Luís, o Piedoso, imperador carolíngio entre 814 e 840, encorajou os monges a adoptarem a Regra de S. Bento.

A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino (no Sul de Itália), abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo. Bento foi o seu primeiro abade e foi ele quem estabeleceu o modelo de auto-suficiência advogado pelas primitivas regras monásticas - dependência total dos próprios campos e oficinas - que orientou durante séculos os mosteiros da cristandade ocidental. Em todos os antigos mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitária. A rotina diária centrava-se naquilo a que S. Bento chamava "trabalho de Deus" - demorados ofícios de complexidade crescente. Tudo o resto era secundário. O trabalho manual que a regra estipulava existia não só para fornecer aos frades alimentação e vestuário e satisfazer-lhes outras necessidades, como também para evitar a sua ociosidade e lhes alimentar a alma mediante a disciplina do corpo.

Posteriormente, quando as abadias enriqueceram, sobretudo através de doações de fiéis devotos, os dormitórios comunitários foram substituídos por celas individuais e foram contratados trabalhadores para cuidarem dos campos, o que permitiu a muitos monges dedicarem-se a outras actividades, nomeadamente o estudo, graças ao qual a Ordem de S. Bento viria a ser tão justamente célebre.

Nos seus jardins murados, os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento, ocorreu-lhes a ideia de adicionar algumas ervas à aguardente, inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associação da vida monástica com o luxo das bebidas alcoólicas, mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeições simples, constituídas essencialmente por pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça.








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