VALENÇA: CONFERENCISTAS INDICAM PERIGOS QUE AMEAÇAM A FAMÍLIA
Valença, 07 jul (RV) - Concluir-se-á na tarde desta sexta-feira, com uma celebração
eucarística presidida pelo Prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Giovani
Batista Re, o Congresso Teológico Pastoral que se celebra em Valenla, Espanha, desde
terça-feira, com a participação de mais de seis mil pessoas.
Ontem, como também
na quarta-feira, os protagonistas foram os expoentes de novos movimentos eclesiais,
que sublinharam a necessidade de que a família necessita de ajuda, e apresentaram
propostas concretas.
Kiko Arguelo, iniciador do Caminho Neocatecumenal, falou
de uma Europa que caminha em direção da apostasia: "Para deter esse processo _ disse
_ é fundamental a celebração litúrgica doméstica." Já o fundador da Comunidade romana
de Santo Egídio, Andrea Riccardi, denunciou o drama da solidão, de que padecem atualmente,
amplos setores da sociedade, especialmente os anciãos e as crianças. Riccardi também
criticou a solidão dos ricos e a que padece o mundo em geral, diante da falta cada
vez mais importante, do amor. A sociedade descarrega muita responsabilidade sobre
as famílias, porém as deixa sozinhas, e por isso a Igreja deve ser cada vez mais a
"família das famílias", contra a qual, muitas vezes, domina a cultura da morte sobre
a cultura da vida.
Julians Carrón, Presidente da Fraternidade "Comunhão e Libertação",
disse que "cada vez é mais evidente que não se pode supor a maturidade de quem chega
ao matrimônio". E sublinhou que a "atual crise da família é conseqüência da crise
antropológica na qual nos encontramos". A relação matrimonial depende da concepção
que se tem do ser humano e a falta de consciência do destino do homem o leva a apoiar
a relação no engano.
Muitos são concordes em afirmar que a família precisa
não só de conteúdo teórico, mas também de um programa prático, um itinerário sintetizado
em cinco pontos: santidade pessoal; integração como casal; amor formativo dos filhos;
consagração na fidelidade.
Outro tema de grande destaque no Congresso Teológico
Pastoral, na jornada de ontem, foi a questão da bioética. A relação entre Igreja e
Ciência muitas vezes encontrou numeroso pontos de discordância do que de proximidade,
e quando se fala de tratamentos com embriões, as posturas são ainda mais distantes.
Para o Decano da Faculdade de Bioética, do Pontifício Ateneu de Roma, Pe.
Gonzalo Miranda, um dos conferencistas de ontem, as terapias com embriões representam
precisamente o contrário do que é a essência da família e não são admissíveis nem
mesmo quando se trata de evitar enfermidades hereditárias, porque "minam a estrutura
familiar". Ele afirmou que as famílias nas quais se realizam terapias desse tipo estão
"corrompidas" e exortou todos os cristãos a lutar para eliminar esses pensamentos.
Em
relação ao aborto o sacerdote afirmou que se trata de uma mentalidade que se expande
como uma praga e que somente trata de eliminar um ser humano no interior de sua mãe,
porque não é desejado.
Nesse clima, cresce a expectativa pela chegada, amanhã,
de Bento XVI, que encerrará o V Encontro Mundial das Famílias. Mais de dois mil policiais
já chegaram a Valença, para auxiliar as forças de ordem da cidade. O Papa mudou o
programa, e antes de chegar à Catedral de Valença, prestará uma homenagem às vítimas
do acidente no metrô da cidade, ocorrido na última segunda-feira, e que causou a morte
de 42 pessoas.
O Papa rezará no local do acidente e depositará uma coroa de
flores.
Bento XVI iniciará sua visita apostólica com um gesto de solidariedade
e afeto à cidade que acolhe, nestes dias, as famílias do mundo inteiro. (De Valença
para a Rádio Vaticano, Silvonei José)