Brasília, 04 jul (RV) - Em reunião ordinária do Conselho Permanente da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os bispos brasileiros manifestaram sua
preocupação com a crescente onda de violência que se alastra em várias regiões do
país.
Por ocasião da 44ª Assembléia Geral, em maio deste ano, os bispos já
haviam manifestado, com veemência, seu repúdio aos brutais atos de violência planejados
e praticados pelo crime organizado, que se têm agravado particularmente em São Paulo,
Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Fatos ocorridos também no Pará e Maranhão
mereceram declarações e manifestações dos respectivos Regionais da CNBB. A ausência
de políticas fundiárias e urbanas, mas também a falta de atuação adequada dos poderes
constituídos causam o aumento dos problemas sociais.
Constantes calúnias e
ameaças de morte a bispos, padres, religiosos e religiosas, líderes dos movimentos
populares, trabalhadores nas regiões de Altamira, Santarém, Xinguara e outras criam
um clima de tensão e de medo entre o povo.
Os bispos expressaram grande preocupação
também, pelas freqüentes práticas de despejos, destruições de casas, quintais e roças
de famílias que moram e trabalham nessas terras já há muitos anos. Eles denunciam
o uso indiscriminado de medidas que prejudicam a população mais pobre, que vive no
campo e que, pelo tempo de posse da terra (usucapião) já teriam garantido o direito
de propriedade.
A Doutrina Social da Igreja, firmada no vigor do Evangelho,
proclama que a terra de trabalho deve ter primazia sobre a terra de negócios. A constituição
pastoral "Gaudium et spes", no número 69, diz que "Deus destinou a terra com tudo
o que ela contém para o uso de todos os homens e povos, de modo que os bens criados
devem chegar equitativamente às mãos de todos, segundo a justiça, fecundada pela caridade".
Os
bispos fizeram um apelo às autoridades competentes, para que tomem as devidas providências,
salvaguardando a vida das pessoas feridas e ameaçadas, e garantindo a defesa dos direitos
de todos. É urgente a realização de projetos de desenvolvimento econômico, social
e cultural que respeitem os ecossistemas e populações diferenciadas de cada região
brasileira, na esperança de que "a justiça e a paz se abracem" (Cf. Sl 85, 11).
Como
fiéis discípulos de Jesus, que veio ao mundo "para que todos tenham vida e a tenham
em abundância" (Cf. Jo 10, 10), os bispos reafirmaram o repúdio a todas as ameaças
de morte e de violência, apoiando com vigor os irmãos e irmãs ameaçados, agredidos
e todos os que testemunham o Evangelho no dia-a-dia.
"A força do amor, da verdade
e da justiça são mais fortes que todo o medo, dúvida e mentira" _ afirmaram os bispos
brasileiros. (MJ)