Igreja redefine estratégia em relação ao Islão: favorecer a integração dos muçulmanos
e defender os direitos dos cristãos
O Vaticano espera que o fenómeno das migrações nos países islâmicos permita desenvolver
melhores relações entre cristãos e muçulmanos, favorecendo a integração dos muçulmanos
nos países de maioria cristã e defendendo os direitos dos cristãos nos países de maioria
islâmica. No documento final da sessão plenária do Conselho Pontifício para os
Migrantes e Itinerantes (CPMI), que acaba de ser divulgado, recomenda-se a promoção
da integração e não da “assimilação” dos imigrantes muçulmanos, procurando promover
o diálogo e a colaboração sobre temas comuns como “a ajuda aos indivíduos e às populações
em necessidade”. Por outro lado, o CPMI deixa claro que é fundamental defender os
direitos dos cristãos que se encontram nos países islâmicos, promovendo o conceito
de “reciprocidade” que tem marcado as últimas intervenções de representantes da Santa
Sé nesta matéria. Num documento que permite vislumbrar a estratégia católica em
relação aos países de maioria muçulmana, é reafirmada a necessidade de uma “distinção
entre a esfera civil e a religiosa, também nos países islâmicos”. O texto descreve
a difícil situação dos cristãos nestes países, geralmente “como trabalhadores imigrantes
pobres e sem poder contratual”. OCPMI deplora, em especial, as restrições aos
Direitos Humanos que são visíveis em alguns Estados, pedindo aos países de origem
dos migrantes cristãos que ajudem “os seus cidadãos, nos países islâmicos, a poderem
exercer efectivamente o direito de liberdade religiosa”. Um capítulo particular
é dedicado à escola e à educação, na qual se sugere um trabalho aturado em relação
aos textos escolares, sobretudo no que diz respeito “à apresentação histórica das
religiões”. Quanto aos países de maioria cristã, é pedido aos católicos que seja
“solidários e abertos à partilha com os imigrantes muçulmanos, conhecendo melhor a
sua cultura e religião ao mesmo tempo que testemunham os seus próprios valores cristãos”.