A Igreja Católica celebra esta sexta feira, em todo o mundo, a Solenidade do Coração
de Jesus, no ano em que se assinalam os 50 anos sobre a encíclica “Haurietis aquas”,
de Pio XII, sobre este culto. Para assinalar esta data, Bento XVI escreveu uma
carta ao Padre Peter-Hans Kolvenbach, Prepósito-Geral da Companhia de Jesus, na qual
lembrava que “ao promover o culto ao Coração de Jesus, a Encíclica ‘Haurietis aquas’
exortava os crentes a abrirem-se ao mistério de Deus e do seu amor, deixando-se transformar
por ele. “Após cinquenta anos permanece uma tarefa sempre actual dos cristãos
continuar a aprofundar a sua relação com o Coração de Jesus de maneira a reavivar
em si mesmos a fé no amor salvífico de Deus, acolhendo-o cada vez melhor na própria
vida”, acrescentava. Embora tenha fundamentos bíblicos, patrísticos e tradicionais,
a devoção ao Coração de Jesus só começou a crescer na Igreja nos meados do séc. XVII,
em reposta ao rigorismo do jansenismo e, mais tarde, contra o racionalismo e laicismo,
favorecida pelo clima sentimental e romântico desses tempos. Para isso concorreram
principalmente as revelações a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray-le-Moniale
(1672-1675), divulgadas por S. Cláudio La Colombière, o apostolado de S. João Eudes
(1601-1680), o eco encontrado na piedade popular e o favor dos Papas. Clemente
XIII (1765) concedeu como privilégio a celebração litúrgica do Coração de Jesus à
Polónia e Pio IX (1856) estendeu a festa à Igreja universal, que é actualmente celebrada
na sexta-feira da 2ª semana a seguir ao Pentecostes, oito dias depois da festa do
Corpo de Deus. A devoção dirige-se à pessoa de Jesus, como sinal vivo do amor
de Deus pelos homens, reflectindo-se particularmente na devoção à Eucaristia (especialmente
na festa do Corpo de Deus) e a Cristo-Rei. Na Solenidade do Coração de Jesus realiza-se,
também, o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Este ano, a celebração
terá como tema "Chamei-vos amigos" (Jo 15,15), inspirado na homilia de Bento XVI na
Missa Crismal, no passado 13 de Abril. A Congregação para o Clero, em carta dirigida
aos bispos de todo o mundo, deseja ver sensibilizadas as várias realidades diocesanas
como as Paróquias, os Mosteiros de clausura, os Institutos de Vida Consagrada e as
Sociedades de Vida Apostólica, assim como os Movimentos, as Associações, as Confrarias
ou as diversas Agregações eclesiais.