BENTO XVI: A ESTREITA LIGAÇÃO ENTRE A IGREJA DE ROMA E A DE CONSTANTINOPLA, GRAÇAS
A PEDRO E ANDRÉ
Cidade do Vaticano, 14 jun (RV) - A ligação de sangue entre o apóstolo Pedro
e seu irmão André _ evangelizador dos povos gregos _ é, até hoje, após dois mil anos,
o sinal que torna "verdadeiramente irmãs" as Igrejas de Roma e de Constantinopla.
Esse
foi o ensinamento central de Bento XVI, na Audiência Geral de hoje, realizada na Praça
São Pedro, repleta de fiéis, peregrinos e turistas.
A Audiência se concluiu
com o convite do Santo Padre para que todos participassem da procissão de Corpus Christi,
programada para amanhã, quinta-feira, pelas avenidas do centro de Roma após a santa
missa no patamar da Patriarcal Basílica romana de São João de Latrão, sede do Bispo
de Roma.
Após Pedro e sua extraordinária experiência humana e espiritual, é
o momento de André: pescador como seu irmão, Simão, até o encontro com Jesus, mas
já "um homem de fé e de esperança", em busca, discípulo do Batista, mas pronto, ao
encontrar Cristo, a correr até Simão para dizer: "Encontramos o Senhor".
É
o retrato traçado na catequese de Bento XVI de outro apóstolo, destinado a gozar "de
grande prestígio dentro das primeiras comunidades", mas, sobretudo, a difundir por
primeiro, o Evangelho entre os gregos e a ligar com um vínculo particular as duas
Igrejas, romana e bizantina.
"Portanto _ explicou o Papa _ André foi o primeiro
dos apóstolos a ser chamado a seguir Jesus. Justamente baseada nisso, a liturgia da
Igreja Bizantina o honra com o apelativo de Protóklitos, que significa "primeiro chamado"
(…) Tradições muito antigas (…) vêem em André que ele foi anunciador de Jesus para
o mundo grego. Pedro, partindo de Jerusalém passando por Antioquia chegou a Roma para
exercer sua missão universal. André foi, por sua vez, o apóstolo do mundo grego: eles
se mostram assim, na vida e na morte, como verdadeiros irmãos _ uma irmandade que
se expressa simbolicamente na relação especial entre a Sé de Roma e a Sé de Constantinopla,
Igrejas verdadeiramente irmãs."
O Pontífice passou em resenha as passagens
do Evangelho que apresentam as iniciativas e os gestos de André. Ações que permitem
reconstruir sua personalidade: o seu "realismo" no episódio da multiplicação dos pães,
quando nota o jovem e também os poucos recursos de que dispõe.
Ou quando, junto
a Pedro, Tiago e João, interroga Jesus sobre a destruição do templo, oferecendo a
Cristo _ notou Bento XVI _ a possibilidade de pronunciar "um importante discurso"
sobre os últimos tempos. Um episódio, esse último _ afirmou _ do qual se pode deduzir
"que não devemos ter medo de fazer perguntas a Jesus", mas que ao mesmo tempo "devemos
estar prontos a acolher os ensinamentos, mesmo os surpreendentes e difíceis, que Ele
nos oferece".
Santo André oferece um ensinamento fundamental aos cristãos quando,
em Patrasso, afronta a morte na cruz _ a chamada cruz "decussada" ou cruz de Santo
André _ considerando-a "não tanto um instrumento de tortura, mas sobretudo o meio
incomparável de uma plena assimilação ao Redentor".
"Nós devemos tirar daí
uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor, se consideradas e acolhidas
como parte da Cruz de Cristo, se alcançadas pelo calor da sua luz. Somente daquela
Cruz, também os nossos sofrimentos adquirem nobreza e verdadeiro sentido. Portanto,
o apóstolo André nos ensina a seguir Jesus com prontidão, a falar com entusiasmo d'Ele
a todos os que encontramos e, sobretudo, a cultivar com Ele, uma relação de verdadeira
familiaridade, bem conscientes de que somente n'Ele podemos encontrar o sentido último
da nossa vida e da nossa morte."
Ao término de sua catequese, o Papa fez um
resumo da mesma em português e, a seguir, saudou os fiéis de língua portuguesa presentes
na Praça São Pedro: "Amados irmãos, nossa catequese de hoje se centra na figura
do Apóstolo André, irmão de Pedro. A Igreja bizantina honra-o com o nome de Protóklitos,
ou seja o que foi "chamado por primeiro", por ter sido o primeiro entre os apóstolos
a seguir o Senhor. Depois dele viriam todos os demais, antes de mais Pedro, a quem
o Messias confiaria a sua Igreja. André foi o apóstolo do mundo grego; por isso, ele
exprime uma simbólica aliança entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla. Ao recorrer
à intercessão deste grande apóstolo, peço a todos os peregrinos presentes de língua
portuguesa, especialmente os grupos vindos de Portugal e do Brasil, que rezem pela
unidade da Igreja e pela comunhão de todos os cristãos. Com a minha bênção apostólica."
(RL)