2006-06-16 17:02:42

BENTO XVI: A ESTREITA LIGAÇÃO ENTRE A IGREJA DE ROMA E A DE CONSTANTINOPLA, GRAÇAS A PEDRO E ANDRÉ


Cidade do Vaticano, 14 jun (RV) - A ligação de sangue entre o apóstolo Pedro e seu irmão André _ evangelizador dos povos gregos _ é, até hoje, após dois mil anos, o sinal que torna "verdadeiramente irmãs" as Igrejas de Roma e de Constantinopla.

Esse foi o ensinamento central de Bento XVI, na Audiência Geral de hoje, realizada na Praça São Pedro, repleta de fiéis, peregrinos e turistas.

A Audiência se concluiu com o convite do Santo Padre para que todos participassem da procissão de Corpus Christi, programada para amanhã, quinta-feira, pelas avenidas do centro de Roma após a santa missa no patamar da Patriarcal Basílica romana de São João de Latrão, sede do Bispo de Roma.

Após Pedro e sua extraordinária experiência humana e espiritual, é o momento de André: pescador como seu irmão, Simão, até o encontro com Jesus, mas já "um homem de fé e de esperança", em busca, discípulo do Batista, mas pronto, ao encontrar Cristo, a correr até Simão para dizer: "Encontramos o Senhor".

É o retrato traçado na catequese de Bento XVI de outro apóstolo, destinado a gozar "de grande prestígio dentro das primeiras comunidades", mas, sobretudo, a difundir por primeiro, o Evangelho entre os gregos e a ligar com um vínculo particular as duas Igrejas, romana e bizantina.

"Portanto _ explicou o Papa _ André foi o primeiro dos apóstolos a ser chamado a seguir Jesus. Justamente baseada nisso, a liturgia da Igreja Bizantina o honra com o apelativo de Protóklitos, que significa "primeiro chamado" (…) Tradições muito antigas (…) vêem em André que ele foi anunciador de Jesus para o mundo grego. Pedro, partindo de Jerusalém passando por Antioquia chegou a Roma para exercer sua missão universal. André foi, por sua vez, o apóstolo do mundo grego: eles se mostram assim, na vida e na morte, como verdadeiros irmãos _ uma irmandade que se expressa simbolicamente na relação especial entre a Sé de Roma e a Sé de Constantinopla, Igrejas verdadeiramente irmãs."

O Pontífice passou em resenha as passagens do Evangelho que apresentam as iniciativas e os gestos de André. Ações que permitem reconstruir sua personalidade: o seu "realismo" no episódio da multiplicação dos pães, quando nota o jovem e também os poucos recursos de que dispõe.

Ou quando, junto a Pedro, Tiago e João, interroga Jesus sobre a destruição do templo, oferecendo a Cristo _ notou Bento XVI _ a possibilidade de pronunciar "um importante discurso" sobre os últimos tempos. Um episódio, esse último _ afirmou _ do qual se pode deduzir "que não devemos ter medo de fazer perguntas a Jesus", mas que ao mesmo tempo "devemos estar prontos a acolher os ensinamentos, mesmo os surpreendentes e difíceis, que Ele nos oferece".

Santo André oferece um ensinamento fundamental aos cristãos quando, em Patrasso, afronta a morte na cruz _ a chamada cruz "decussada" ou cruz de Santo André _ considerando-a "não tanto um instrumento de tortura, mas sobretudo o meio incomparável de uma plena assimilação ao Redentor".

"Nós devemos tirar daí uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor, se consideradas e acolhidas como parte da Cruz de Cristo, se alcançadas pelo calor da sua luz. Somente daquela Cruz, também os nossos sofrimentos adquirem nobreza e verdadeiro sentido. Portanto, o apóstolo André nos ensina a seguir Jesus com prontidão, a falar com entusiasmo d'Ele a todos os que encontramos e, sobretudo, a cultivar com Ele, uma relação de verdadeira familiaridade, bem conscientes de que somente n'Ele podemos encontrar o sentido último da nossa vida e da nossa morte."

Ao término de sua catequese, o Papa fez um resumo da mesma em português e, a seguir, saudou os fiéis de língua portuguesa presentes na Praça São Pedro: "Amados irmãos, nossa catequese de hoje se centra na figura do Apóstolo André, irmão de Pedro. A Igreja bizantina honra-o com o nome de Protóklitos, ou seja o que foi "chamado por primeiro", por ter sido o primeiro entre os apóstolos a seguir o Senhor. Depois dele viriam todos os demais, antes de mais Pedro, a quem o Messias confiaria a sua Igreja. André foi o apóstolo do mundo grego; por isso, ele exprime uma simbólica aliança entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla. Ao recorrer à intercessão deste grande apóstolo, peço a todos os peregrinos presentes de língua portuguesa, especialmente os grupos vindos de Portugal e do Brasil, que rezem pela unidade da Igreja e pela comunhão de todos os cristãos. Com a minha bênção apostólica." RealAudioMP3 (RL)







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