2006-06-14 12:16:55

Satisfação da Santa Sé pela diminuição do trabalho infantil; mas no mundo milhões de pessoas não têm um trabalho "decente"


São dezenas de milhões as pessoas que no mundo não têm um trabalho decente porque estão excluídas dos benefícios da globalização crescente. A denúncia foi feita pelo observador permanente da Santa Sé junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

As palavras do arcebispo Silvano Tomasi foram ouvidas em Genebra no passado dia dia 8 no âmbito da 95ª sessão da Conferência Internacional do Trabalho, a decorrer de 31 de Naio a 16 de Junho.

Tema central desta Conferência é «a promoção do trabalho decente para todos, isto é, o trabalho devidamente remunerado e desenvolvido de modo respeitoso da dignidade dos trabalhadores.

O prelado foi porta-voz da satisfação da Delegação da Santa Sé pelo fato de que o «trabalho decente» faça parte de uma agenda estratégica de «qualquer debate para a erradicação da pobreza», assim como da «convergência de esforços» para a sua implementação.

Mas a tarefa ainda está «longe de alcançar o seu objectivo», advertiu.

«A liberalização das finanças e do comércio no processo de globalização produziu muita riqueza», mas também se mostram evidências de «crescentes disparidades entre e dentro dos países no aproveitamento dos lucros», constatou.

Trata-se de «dezenas de milhões – lamentou: imigrantes sem documentos que trabalham na agricultura, na manufactura, no serviço doméstico; mulheres da indústria têxtil, trabalhando em condições insalubres por míseros salários; trabalhadores etiquetados pela raça, casta ou credo, que são relegados a trabalhos marginais da sociedade».

Na opinião do arcebispo Silvano Tomasi, «uma globalização que impulsiona o crescimento económico sem equidade bloqueia o acesso ao trabalho decente e questiona o funcionamento actual das estruturas internacionais criadas para facilitar o fluxo de ideias, capital, tecnologia, bens e pessoas para o bem comum».

E observou que um trabalho «indecente» põe as pessoas em crise, aumentando o risco de comportamentos destrutivos ou anti-sociais.

O que implica o «trabalho decente» para todos «exige uma ênfase renovada na dignidade de cada pessoa e do bem comum, situando-os no centro de toda a actividade e política trabalhista», afirmou.

«Um meio trabalhista seguro e saudável também é um componente integral do trabalho decente», apontou o prelado nesta Conferência Internacional, recordando que cada ano são registrados 270 milhões de acidentes trabalhistas, 160 milhões de pessoas padecem doenças trabalhistas e 5.000 trabalhadores morrem cada dia por afecções ou acidentes originados no trabalho.

Constatando que o número de menores trabalhadores diminuiu 11% no mundo em quatro anos (entre 2000 e 2004 passou de 248 a 218 milhões de crianças), o observador da Santa Sé ante a OIT motivou a «redobrar a determinação de governos, empregados, sindicatos e sociedade civil para o objectivo da total eliminação do trabalho infantil».








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