ONU vai decidir sobre o futuro da sua presença em Timor Leste: MNE timorense solicita
envio de uma força militar credivel
O Conselho de Segurança da ONU reúne-se esta terça feira em Nova Iorque para decidir
sobre o futuro da presença em Timor-Leste, devendo renovar por mais um mês a actual
missão, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros em Díli. José Ramos Horta
salientou que ao longo desses 30 dias será decidida a composição da força policial,
e respectivo mandato. O chefe da diplomacia timorense, que acumula desde há duas
semanas a pasta da Defesa, falou à imprensa no final da intervenção que fez hoje aos
deputados, sobre a presença das forças internacionais em Timor-Leste. Ramos Horta
adiantou que o Conselho de Segurança da ONU deverá ainda pronunciar-se sobre a dimensão
dos actuais efectivos militares enviados pela Austrália, Nova Zelândia e Malásia,
a pedido das autoridades timorenses. A concretização desse pedido, do envio de
forças militares e policiais, partiu da Presidência da República, Parlamento e Governo
e visou ajudar as autoridades de Díli a enfrentarem a total inoperância das suas forças
policiais e à divisão no seio das suas forças armadas, no âmbito da violência que
se regista desde final de Abril o país. Portugal mantém desde há duas semanas uma
companhia de 127 efectivos da GNR. Ramos Horta acrescentou que até 20 de Julho,
as Nações Unidas tomarão ainda uma decisão sobre as forças militares internacionais
presentes no país e que totalizam cerca de 2.000 efectivos. O ministro timorense
precisou que as autoridades timorenses enviaram uma carta a Kofi Annan, secretário-geral
das Nações Unidas, em que solicitaram o envio de uma "força policial robusta" e de
uma "força militar credível". Relativamente à actual força policial internacional,
de 500 efectivos, Ramos Horta disse que as autoridades timorenses pretendem que este
número aumente à medida que se aproximar a data das próximas eleições, a realizar
em 2007, para cerca de 800 efectivos. Este aumento será compensado pelo reforço
dos actuais efectivos ou pela inclusão de outros países, além dos que já contribuem
actualmente: Portugal (127), Austrália (106), Malásia (250) e Nova Zelândia (40). As
Nações Unidas foram reduzindo a sua presença em Timor-Leste e em Maio, Kofi Annan
propôs que a actual missão, a UNOTIL, fosse substituída por uma "pequena representação
integrada" por um período de 12 meses. Essa missão teria apenas 25 "conselheiros
policiais" e 10 "oficiais militares de ligação". A eclosão da violência pouco depois
dessa proposta ter sido apresentada levou a que o Conselho de Segurança prolongasse
por um mês o mandato da UNOTIL, aguardando um relatório de Annan sobre a situação
em Timor para decidir sobre o futuro envolvimento no território. Depois de 25 de
Maio o Conselho de Segurança "saudou" a decisão da Austrália, Portugal, Nova Zelândia
e Malásia de enviar forças para Timor-Leste a pedido das autoridades timorenses, não
se comprometendo, contudo, directamente, com a presença militar ou policial no território. Antes
da eclosão da violência, alguns países membros do Conselho de Segurança tinham manifestado
a sua oposição à contínua presença de uma missão especial da ONU em Timor. No entanto,
analistas consideram que o Conselho de Segurança não terá agora alternativa senão
apoiar o fortalecimento da missão com forças militares e policiais.