Enviado especial das Nações Unidas em Timor Leste anticipa reforço da presença internacional
no país
O enviado especial das Nações Unidas a Timor-Leste, Ian Martin, antecipou hoje um
reforço da presença internacional no país, garantindo que a ONU vai estar "com Timor-Leste
neste momento e no futuro" Ian Martin destacou, em particular, que a Organização
das Nações Unidas deverá "assumir um papel importante" no que toca à realização das
eleições de 2 007, sendo essencial garantir um voto "livre e justo num clima de liberdade
e pluralismo". "Os problemas essenciais não eram desconhecidos mas não foi feito
o su- ficiente para responder a isso. Daí que isto seja um despertar para a comunidade
internacional e para os timorenses", explicou. Para Ian Martin, igualmente importantes
são as lições que as próprias N ações Unidas possam tirar da situação em Timor-Leste,
"olhando de forma crítica para o seu próprio papel". "Há uma opinião de que as
Nações Unidas tendem a abandonar zonas de con- flicto demasiado cedo. Mas agora há
o compromisso da ONU ficar com Timor-Leste durante esta crise", afirmou. Martin,
enviado a Timor-Leste para "avaliar a situação no terreno" e fazer o possível para
"ajudar as várias partes a responder à crise actual", relembrou que os timorenses
já pagaram "um preço pesado pelo seu voto de independência ". "É muito triste voltar
a ver os edifícios a arder, as famílias deslocadas e pessoas a serem mortas", afirmou
aos jornalistas, no final da sua deslocação a Timor-Leste. Ian Martin, que chefiou
a missão da ONU responsável pelo referendo em que os timorenses escolheram a independência,
em 1999, considerou que o passo mais óbvio é a recuperação imediata da segurança,
apelando à cooperação de todos, " particularmente no processo de recolha de armas". Para
o diplomata é igualmente fundamental lidar com "os temas essenciais", relembrando
que ele próprio, em 1999, nunca questionou "se os timorenses eram lorosaes ou loromonos". "A
recente exploração de pequenas diferenças deve ser ultrapassada", afirmou, considerando
igualmente essencial lidar com "a divisão entre as F-FDTL e a PNTL (Forças Armadas
e Polícia de Timor-Leste)", garantindo em paralelo o relacionamento entre as instituições
de Estado "para responder "ás causas essenciais da crise". O enviado especial de
Kofi Annan admitiu que para um país com quatro anos de existência, como Timor-Leste
- e à semelhança do que acontece noutros estados emergentes - os primeiros anos de
vida "atravessam problemas políticos significativos". Ian Martin reportará agora
ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, antes de um briefing ao Conselho de Segurança
das Nações Unidas que está a analisar o modelo da futura missão da organização no
país.