BENTO XVI: PENTECOSTES, SINAL DE "COMUNHÃO E DE AMOR" MAIS FORTE DO QUE A "CONFUSÃO"
E AS DIVISÕES
Cidade do Vaticano, 04 jun (RV) - O Espírito Santo é o "verdadeiro protagonista
da Igreja". É ele quem permite à Igreja, atravessar a história e enriquecê-la "de
bondade, de justiça, de paz", e lhe possibilita diligentes e inteligentes estratégias
pastorais.
Com essas indicações, Bento XVI celebrou, neste domingo, a santa
missa da solenidade de Pentecostes, na Praça São Pedro, diante de cerca de 100 mil
fiéis e peregrinos. Os presentes reservaram ao Papa um abraço caloroso, análogo ao
da Vigília de ontem, da qual participaram centenas de milhares de pessoas, dos Movimentos
Eclesiais e das Novas Comunidades, os quais o Santo Padre saudou novamente com afeto,
no momento da oração mariana do Regina Coeli, ao meio-dia deste domingo.
A
história da salvação tem dois eventos particulares, o primeiro dos quais evidencia
melhor a importância do segundo, ou seja, a torre de Babel e o Pentecostes. Orgulho
e divisões com o primeiro evento, línguas e humanidades lançados na "confusão". Luz
e caridade no segundo, com a descida do Espírito Santo que, pelo contrário, gera a
"comunhão".
O ensinamento de Bento XVI sobre a solenidade litúrgica de hoje,
que conclui o ciclo Pascal, foi dirigido a uma multidão que une idealmente, num único
momento, a celebração de Pentecostes com a longa Vigília de ontem, sábado, marcada
pelo encontro do Papa com os Movimentos Eclesiais.
Também hoje, pelo menos
100 mil fiéis e peregrinos se reuniram na Praça São Pedro. Bandeiras, faixas e chapéus
coloriram _ hoje como ontem _ o hemiciclo da colunata de Bernini: uma festa conjunta
que deu uma face visível àquele "permanecer juntos" ressaltado pelo Pontífice na homilia,
introduzida com a cena do Cenáculo e, mais ainda, com a recordação das palavras de
Jesus aos apóstolos, no dia da Ascensão: isto é, a recomendação a "não se distanciar
de Jerusalém, mas esperar que se realize a promessa do Pai".
"Permanecer juntos
_ afirmou Bento XVI _ foi a condição de Jesus para acolher o dom do Espírito Santo;
uma prolongada oração foi o pressuposto de sua concórdia."
"As línguas de fogo
que descem sobre Maria e os apóstolos _ prosseguiu o Papa _ sancionam a extensão do
antigo Pacto de Deus com Israel a todos os povos da terra", sem mais "nenhuma fronteira
nem de raça, nem de cultura, nem de espaço nem de tempo" _ ressaltou.
"Diversamente
do que ocorrera com a torre de Babel, quando os homens _ intencionados a construir
com as suas mãos um caminho rumo ao céu _ acabaram destruindo suas próprias capacidades
de compreender-se reciprocamente, em Pentecostes" _ observou o Pontífice.
"Em
pentecostes, com o dom das línguas, mostra que a Sua presença une e transforma a confusão
em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem criam sempre divisões, elevam muros de
indiferença, de ódio e de violência. O Espírito Santo, pelo contrário, torna os corações
capazes de compreender as línguas de todos, porque restabelece a ponte da autêntica
comunicação entre a Terra e o Céu. O Espírito Santo é o Amor."
Assim tem início
a aventura da Igreja, "que é católica e missionária desde seu nascimento". E para
confortar os discípulos provados pela separação, Jesus _ concluiu o Papa _ assegura
que voltará e, "enquanto isso" não os abandonará, não os deixará órfãos.
"Esse
é o mistério de Pentecostes: o Espírito Santo ilumina o espírito humano e, revelando
Cristo crucificado e ressuscitado, indica o caminho para se tornar mais semelhante
a Ele, ser, isto é, "expressão e instrumento do amor que Dele emana"."
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Na
oração mariana do Regina Coeli, recitada logo após a conclusão da missa, Bento XVI
se deteve sobre os "dons hierárquicos e carismáticos", com os quais, há dois mil anos,
o Espírito Santo "dirige e embeleza" a Igreja. Um reconhecimento explícito referido
à variedade das experiências representadas pelos Movimentos Eclesiais e pelas Novas
Comunidades.
"Entre as realidades suscitadas pelo Espírito na Igreja estão
os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades, que ontem tive a alegria de encontrar
nesta Praça, num grande encontro mundial. Toda a Igreja, como gostava de dizer o Papa
João Paulo II, é um único grande movimento animado pelo Espírito Santo, um rio que
atravessa a história para irrigá-la com a graça de Deus, e torná-la fecunda de vida,
de bondade, de beleza, de justiça, de paz." (RL)