2006-06-03 17:47:52

BISPOS DE ANGOLA QUESTIONAM CREDIBILIDADE DA ASSOCIAÇÃO CÍVICA DE CABINDA


Cabinda, 02 jun (RV) - A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) divulgou um documento, no qual questiona a credibilidade da Associação Cívica de Cabinda, "Mpalabanda".

Essa associação emitiu um comunicado no qual denunciava o risco de "ruandização" de Cabinda, devido à proibição da celebração da missa nessa cidade do norte de Angola, por parte da hierarquia católica.

A Associação Cívica de Cabinda acusa o Vigário-geral da Diocese, Pe. Milan Zednichek, de ter apelado para as forças de segurança, para que usassem a força, caso as pessoas insistissem em participar de uma celebração eucarística na Igreja da Imaculada Conceição.

A nota dos bispos, por sua vez, declara que é totalmente falsa a acusação contra o sacerdote e que este teria apenas solicitado às autoridades civis, a preservação da igreja, contra qualquer agressão, insistindo para que não fizessem uso da força.

A nota dos bispos acrescenta que a interpretação dos acontecimentos dada pela associação coloca em discussão sua credibilidade.

O documento dos bispos confirma, todavia, que "sete sacerdotes da Diocese de Cabinda, por ato grave de desobediência, foram proibidos pelo Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Crescenzio Sepe, de celebrar a Eucaristia e de pregar em público, até nova ordem".

Este foi o primeiro incidente entre a hierarquia católica angolana e a associação "Mpalabanda", no que diz respeito à situação em Cabinda, onde o novo Bispo diocesano aguarda, há mais de um ano, as condições favoráveis para tomar posse.

Dom Filomeno Vieira Dias foi nomeado para o governo pastoral da Diocese de Cabinda por João Paulo II, em 11 de fevereiro de 2005, em substituição a Dom Paulino Madeca, que atingira o limite de idade estabelecido pelo Código de Direito Canônico.

Essa nomeação gerou fortes protestos entre a comunidade católica da Diocese, que rejeita a nomeação de um bispo que não seja natural de Cabinda, o que inviabilizou, até agora, a posse do novo responsável pelo governo diocesano.

Nos meses sucessivos à nomeação do Bispo foram ocorreram vários incidentes com membros da hierarquia da Igreja, que se deslocaram a Cabinda, para tentar resolver o impasse, culminando, em finais de julho de 2005, com uma agressão a Dom Eugénio del Corso, então Administrador Apostólico de Cabinda, que foi impedido de celebrar a missa na Igreja da Imaculada Conceição.

Após essa agressão, o Núncio Apostólico em Angola decidiu fechar a Igreja da Imaculada Conceição e suspender alguns membros do clero local. Em resposta, os sacerdotes suspenderam a celebração de missas na região, situação que se manteve até ao início de dezembro, quando foi alcançado um acordo que permitiu reabrir as igrejas da Diocese para a celebração de cerimônias eucarísticas.

Apesar desse acordo, que permitiu uma relativa normalização da vida religiosa na Diocese, as divergências em relação ao novo Bispo se mantiveram. Assim, a posse de Dom Filomeno Vieira Dias continua sem data prevista.

O enclave de Cabinda, de onde provém quase 90% da produção petrolífera de Angola, é palco, desde 1975, de uma luta armada independentista liderada pela Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), que alega que o território ainda é um protetorado português nos termos do Tratado de Simulambuco. (JK)







All the contents on this site are copyrighted ©.