O Bispo de Dili lamenta violência na capital timorense
O Bispo de Díli lamentou a violência registada nos últimos dias na capital timorense,
considerando que a decisão do Presidente de assumir a responsabilidade da defesa e
segurança em Timor-Leste constitui o primeiro passo para a solução global da crise.
Num comunicado D. Alberto Ricardo da Silva lamenta "profundamente" os acontecimentos
dos últimos dias no país, marcados pela violência protagonizada por grupos de civis
com armas de fogo e armamento tradicional, convidando a uma "profunda reflexão" sobre
os motivos dessa violência. "A Diocese de Díli convida todos os cristãos a fazerem
uma profunda reflexão sobre os últimos acontecimentos para, com coragem, saber arrepender
e perdoar, iniciando uma nova vida num Timor novo que todos queremos construir", diz
D. Alberto. No mesmo documento, o Bispo considera que a decisão do presidente
Xanana Gusmão de chamar a si o controlo das áreas de defesa e segurança constitui
o "primeiro passo da solução global" da crise em Timor-Leste. Timor-Leste, em
particular Díli, vive uma situação de violência desde o final de Abril, depois de
cerca de 600 soldados terem sido desmobilizados das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste
(F-FDTL), após protestos contra alegados actos de discriminação étnica por parte dos
superiores hierárquicos. A crise agravou-se com a deserção de efectivos das F-FDTL
e da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e após confrontos entre elementos das
duas forças e grupos de civis armados, que provocaram vários mortos, as autoridades
timorenses solicitaram a ajuda militar e policial à Austrália, Nova Zelândia, Malásia
e Portugal para repor a ordem. De acordo com as Nações Unidas, a onda de violência
nas últimas semanas em Díli provocou cerca de 100 mil desalojados, 65 mil dos quais
estão distribuí dos em vários centros de acolhimento e em instituições maioritariamente
ligadas à Igreja Católica. Os restantes 35 mil refugiaram-se nas montanhas, ainda
de acordo com a ONU.