2006-05-30 16:01:35

Bispo de Baucau comenta crise em Timor Leste


O actual clima “de quase guerra civil” em Timor-Leste deve-se mais à “insatisfação generalizada” e à “frustração das expectativas de mudança” do que à má gestão da crise militar, defendeu o Bispo de Baucau.
“O problema dos militares, quando começou, era um problema pequeno. Não valia um caracol, se posso usar a expressão. Mas foi subestimado e assumiu grandes proporções”, disse D. Basílio do Nascimento, que está em Lisboa para exames médicos, num contacto telefónico com a Agência Lusa.
No entanto, o Bispo de Baucau rejeita que a actual situação se possa explicar apenas pela crise militar. “Mesmo assim, mesmo tendo em conta alguma falta de experiência e alguma indiferença (do governo em relação ao problema), isso não justifica que se chegue a este clima de quase guerra civil”, frisou. Na sua opinião, foram “a insatisfação generalizada “ da população, devido à “falta de emprego, de dinheiro e de pão para a boca”, e a “frustração das expectativas de mudança em relação ao Congresso da FRETILIN” que, “aliadas à tensão”, conduziram à actual situação.
O governo timorense, em especial o Primeiro-ministro, Mari Alkatiri, tem sido acusado de não ter sabido gerir a crise desencadeada por cerca de 600 militares que em Fevereiro abandonaram os quartéis em protesto pelas alegadas discriminações pela hierarquia das forças armadas. Estas acusações voltaram ontem à ordem do dia quando, a propósito de uma manifestação exigindo a demissão de Alkatiri, o Bispo de Díli afirmou: “É evidente que o povo não gosta dele (Alkatiri)”.
Questionado sobre esta afirmação, o Bispo de Baucau afirmou: “D. Ricardo da Silva tem uma certa razão. E não é só ele que o diz, são todos os timorenses e toda a gente de bom senso”.
Confessando-se “muito triste, preocupado e apreensivo com o rumo que as coisas estão a tomar” em Timor-Leste, o Bispo de Baucau considera que o papel da Igreja Católica neste momento assenta sobretudo em “pequenos gestos” que entrem na “conjugação de esforços” destinados a permitir que “Timor possa viver em paz”.
O presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, revelou hoje ter assumido a "responsabilidade principal" pelas áreas da defesa e segurança, anunciando um conjunto de "medidas de emergência" para pôr termo à violência no país.
Após dois dias de reunião do Conselho de Estado, Xanana Gusmão admitiu ainda a possibilidade de vir a decretar o estado de sítio em Timor-Leste.








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